"No chão, graças a Deus”: Piloto relata momentos de tensão para salvar avião da Air Astana

Tripulantes do Embraer estavam perdidos no meio das nuvens e sem controlo sobre a aeronave.

13 de novembro de 2018 às 03:35
Nuno Monteiro da Silva tem 41 anos, 12 deles passados a pilotar F16 Foto: Sérgio Lemos
Air Astana Foto: Imagens Força Aérea Portuguesa
Lisboa, Air Astana, Beja Foto: CMTV
Lisboa, Air Astana, Beja Foto: CMTV
2018-11-12_12_03_49 Problemas nos eixos de controlo estarão na origem da emergência do avião da Air Astana.jpg
Embraer da Air Astana Foto: Direitos Reservados

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Tínhamos acabado de almoçar e preparávamo-nos para ver um filme quando a campainha tocou. Levantámos e corremos para os aviões. Doze minutos depois estávamos no ar. E seis minutos depois fizemos a interceção, a velocidade supersónica, sempre dentro de nuvens. Depois foi fazer o possível para levar aquele avião até Beja. Tudo parecia que ia correr mal, mas acabou bem."

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O relato é do tenente-coronel Monteiro da Silva, um dos homens que no domingo evitou uma tragédia nos céus de Portugal. O outro é o capitão Maurício Rodrigues.

Diz não ser religioso, mas é dele o grito "está no chão, graças a Deus", revelado esta segunda-feira pelo vídeo que a Força Aérea divulgou e que mostra o momento da aterragem do Embraer da Air Astana, após duas horas de terror no ar. "Eles estavam com os comandos comprometidos, perdidos no meio das nuvens, numa situação traumática. Tenho 2500 horas de voo, estive em missão no Afeganistão, mas nunca tive uma experiência tão dramática. Foi daquelas situações em que a Nossa Senhora do Ar interveio", confessa Monteiro da Silva ao CM.

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No momento em que estabeleceram contacto visual e comunicações diretas com os pilotos do Embraer, os militares repararam que a tripulação estava numa "situação de muito stress, falta de ideias, espacialmente desorientados, sem controlo do aparelho".

Air Astana aponta falhas às OGMA

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O presidente da Air Astana apontou esta segunda-feira falhas diretamente às OGMA –Indústria Aeronáutica de Portugal, S.A., onde o avião esteve em manutenção. "Com base nos factos disponíveis, podemos dizer que o incidente foi o resultado do trabalho de manutenção que foi realizado na aeronave pela OGMA", disse Peter Foster.

O responsável adiantou que o avião é recente e que esta operação era apenas rotina. "Esta aeronave foi produzida em 2013, em dezembro do mesmo ano entrou em serviço na Air Astana, ou seja, está em operação há menos de cinco anos". A Air Astana tem outras oito aeronaves semelhantes, que operam em rotas domésticas.

O CM tentou obter esclarecimentos junto das OGMA, mas não obteve resposta por este ser um "caso sob investigação".

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738 da Transavia escoltado até Faro

Um Boeing 738 com 149 pessoas, da Transavia, também teve de ser escoltado ontem por dois F-16 até ao Aeroporto de Faro, após um problema de pressurização. Fazia a ligação entre a Madeira e a Holanda. Aterrou em segurança às 12h51 e levantou hora e meia depois.

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Aterra na pista ao lado

O plano era aterrar na pista 19R do Aeroporto de Beja. O Embraer foi escoltado até estar alinhado com a pista, mas devido à falta de controlo aterrou na pista 19L, alguns metros ao lado, mais estreita e mais curta do que a inicialmente prevista.

Pilotos com ferimentos

Segundo o CM apurou, os dois tripulantes feridos são o piloto e o copiloto da aeronave desgovernada, um inglês de 54 anos e um cazaque de 37. A restante tripulação é cazaque ou bielorrussa e tem entre 26 e 54 anos.

Pilotos com ferimentos

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Aeronave ainda em Beja

O Embraer ERJ190 ainda está na zona militar do aeroporto de Beja. Terá sofrido uma falha no eixo de rotação longitudinal. Será alvo de vistoria.

Aeronave ainda em Beja

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