Oficial da PSP confessa violência por “medo”

Filipe Silva justificou bastonadas e socos em adeptos do Benfica, após injúrias e cuspidela.

17 de abril de 2018 às 01:30
Filipe Silva no Tribunal de Guimarães Foto: Ricardo Jr.
José Magalhães (dir.) e o pai, Manuel Magalhães Foto: Ricardo Jr.
José Magalhães e o pai, Manuel Magalhães Foto: Ricardo Jr.
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Foi num depoimento completamente vazio de emoções e sem demonstrar arrependimento, que Filipe Silva, o subcomissário da PSP de Guimarães que está a ser julgado por ter agredido de forma violenta dois adeptos do Benfica junto ao Estádio D. Afonso Henriques, admitiu ontem ter desferido duas bastonadas em José Magalhães e dois socos no pai, Manuel Magalhães, perante os dois filhos menores do empresário. Filipe Silva admitiu que ao ver as imagens da CMTV ficou "chocado por ver as crianças passarem por aquilo".

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O oficial da PSP justificou a atuação violenta com os insultos a que foi sujeito e por ter tido a perceção que tinha sido "cuspido". "Dirigi-me à pessoa para a deter, tentando manietá-la e fui agarrado pelas costas. Não estava a contar e a minha reação foi instintiva. Dei-lhe dois socos, porque pensei que ia ser agredido", explicou Filipe Silva durante os mais de 90 minutos de depoimento.

O subcomissário chegou mesmo a dizer que sentiu "medo" perante o clima de grande tensão que se vivia no estádio. Disse ainda que José Magalhães estava "bastante nervoso", que "desobedeceu à ordem de detenção" e que foi obrigado a dar-lhe uma bastonada "nas pernas" para o manietar. "Agi como foi possível agir num momento de grande tensão e adrenalina. Mas o nível de força que utilizei não ultrapassou os limites máximos das normas de execução permanente", frisou.

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A versão de Filipe Silva foi contrariada por José Magalhães e pelo pai, que também depuseram ontem. "Estava a dar água ao meu filho quando ele veio ter comigo a mandar-me sair. Só lhe disse que o meu filho não estava bem e ele partiu logo para cima de mim", recordou o empresário emocionado, ao lembrar que o filho mais novo "gritava desesperado". O pai, Manuel Magalhães, recordou ter visto o filho "debaixo do agente a levar porrada".

PORMENORES 

Imagens da CMTV

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O vídeo de um minuto e 25 segundos de violência extrema captado em exclusivo pela CMTV e transmitido em direto no dia 17 de maio de 2015 foi ontem visionado durante a audiência de julgamento.

Ligação religiosa ao clube

"É atípica e notória a ligação quase religiosa dos adeptos ao clube, ao estádio e à cidade", disse ontem, em tribunal, o subcomissário Filipe Silva, realçando que já realizou policiamento em diversos estádios do País, incluindo Lisboa e Porto, mas "nada se assemelha" ao que acontece em Guimarães.

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