Perguntas e respostas sobre o caso 'Máfia de Braga'

Sete arguidos conhecem a sentença hoje no Tribunal de S. João Novo, no Porto.

20 de dezembro de 2017 às 10:31
Pedro Bourbon era quem ‘mandava’ no grupo Foto: CMTV
“Ia partir os dentes à minha mulher” Foto: CMTV
Lança chaves à filha para tentar protegê-la antes de morrer Foto: CMTV
Tribunal de São João Novo, bruxo da Areosa, João Paulo Fernandes, Braga, empresário de Braga, inspetor da Polícia Judiciária, PJ, Máfia, Porto, Pedro Bourbon, inspetor da PJ, Mercedes, juiz, Adolfo, Manuel Bourbon, crime, lei e justiça, julgamentos, crime Foto: Direitos Reservados
Hélder Moreira diz que não matou João Paulo Fernandes, mas foi acusado de homicídio pelo Ministério Público Foto: CMTV
Filipe Monteiro Foto: CMTV
João Paulo Fernandes, vítima, Máfia de Braga Foto: CMTV

1/7

Partilhar

Os arguidos da 'Máfia de Braga' conhecem esta quarta-feira a sentença pela morte do empresário de Braga no Tribunal de S.João Novo, no Porto. O Ministério Público pediu a pena máxima de 25 anos para os sete arguidos que estão em prisão preventiva. São acusados do rapto e homicídio de João Paulo Fernandes, de 41 anos.

O MP pediu ainda penas suspensas para outros dois arguidos, devido à menor gravidade no envolvimento dos crimes. Trata-se de um advogado que falsificou documentos e de um funcionário da Mercedes, que deu os carros usados no rapto.

Pub

Os dois raptores atuavam encapuzado e armados, agrediram o empresário e levaram-no de carro. "Vamos matar o teu pai", disse um dos raptores à filha do empresário.

Desde então, João Paulo nunca mais foi localizado. Mais tarde, soube-se que a vítima foi levada para um armazém em Valongo. Foi morta por estrangulamento e o seu corpo foi dissolvido em 500 litros de ácido sulfúrico noutro armazém em Baguim do Monte, Gondomar.

Pub

Que medidas foram tomadas pela polícia após o rapto?

A operação decorreu nas zonas norte e centro e incluíram diversas buscas domiciliárias em escritórios de advogados e estabelecimentos. A PJ designou a operação por "Fireball" (bola de fogo) , uma vez que durante a investigação os inspetores conseguiram fotografar o exato momento em que o carro usado no rapto foi queimado na Via Norte, na Maia.

Durante a operação, a PJ apreendeu várias armas de fogo, gorros, algemas, elevadas quantias de dinheiro e viaturas, entre outros objetos e documentos com relevância probatória.

Pub

Uma das buscas teve lugar no escritório de advogados de Pedro Grancho Bourbon, de Braga, que chegou a representar o empresário desaparecido em alguns processos relacionados com as suas empresas.

O que diz a acusação?

A família de João Paulo ficou sem os bens depois de se envolver num esquema montado com a ajuda de Pedro Bourbon e que teria como objetivo esconder o património dos pais da vítima, uma vez que as empresas daqueles estavam em situação de falência.

Pub

João Paulo Fernandes sentia-se culpado por ter apresentado Pedro Bourbon aos pais e estava  a lutar para tentar reverter a situação.

Pedro Bourbon foi apanhado nas escutas. Durante várias semanas falou com o ‘Bruxo’ sobre o crime. Emanuel Paulino tenta acalmar Bourbon que se mostra preocupado com estas acusações e diz-lhe que vai corrigir "as pontas soltas".

Segundo o Ministério Publico, Paulino teve um papel importante no crime. Participou no roubo dos carros, no rapto, na morte e na destruição das provas. Hélder Moreira, um dos arguidos, disse mesmo durante o inquérito que foi o ‘Bruxo’ que estrangulou João Paulo Fernandes.

Pub

Cunhado do ‘Bruxo’, Filipe alegou no julgamento que está inocente

e que só estava em tribunal por ser cunhado de Emanuel Paulino. Segundo o Ministério Público terá tido, no entanto, uma participação ativa nos crimes.

"Hélder Moreira revelou que a morte ocorreu no armazém, sendo-lhe dito pelo Manuel/ou Filipe que o Paulino estrangulou a vítima enquanto estava amarrada", diz o auto de interrogatório do arguido, que foi ouvido pela PJ e pelo procurador.

Pub

Hélder revelou ainda que, para além do bruxo, no homicídio participaram Rafael Silva e os irmãos Adolfo e Manuel Bourbon. Garante que não assistiu ao crime, mas que ainda viu "o cadáver dentro de um bidão". O depoimento, prestado em outubro de 2016, foi lido a pedido do Ministério Publico, já que o arguido tem permanecido calado. É válido como prova.

O que disse a filha da vítima?

A criança explicou que quando entraram na garagem de casa, um carro de marca Mercedes entrou atrás deles. "Vinham num Mercedes preto. O meu pai viu e parou. Nesse momento, vieram os ladrões com gorros pretos a tapar a cara. Um deles era muito alto e tinha uma pistola. Deu-lhe com ela e depois empurrou-o com a ajuda do outro e meteram-no dentro do carro deles", disse.

Pub

Questionada pelo tribunal sobre se ouviu os homens dizerem alguma coisa, a menina disse que não se lembrava. "Só me lembro que o meu pai disse que se quisessem fazer aquilo que o fizessem noutra altura, não à minha frente", explicou, recordando que "quando entrou no carro começou a pedir socorro aos vizinhos, mas ninguém o ouviu".

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar