Portagens nas cidades para combater poluição

Porto e Lisboa são as duas cidades do País onde o Governo veria com bons olhos a aplicação de portagens, de forma a evitar o congestionamento automóvel e, com isso, melhorar a qualidade do ar. A ideia parte das secretarias de Estado dos Transportes e do Ambiente, que se mostram disponíveis para discuti-la com as autarquias, principais responsáveis pela instalação das portagens.

30 de janeiro de 2007 às 00:00
Portagens nas cidades para combater poluição Foto: Natália Ferraz
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Apesar dos exemplos, esta medida não é consensual. A associação ambientalista Quercus garante existirem alternativas mais económicas, como a “criação de estacionamento periférico com ligação aos transportes públicos, portagens diferenciadas em função do número de ocupantes ou a criação de um título de transporte único e fácil”. A adopção desta medida, afirmou Francisco Ferreira, da Quercus, é mais urgente e mais viável no combate à poluição: “Tendo em conta os piores resultados obtidos pela estação de medição do ar na Avenida da Liberdade, Lisboa encontra-se entre as piores capitais da Europa, no que diz respeito à qualidade do ar.”

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, já reagiu a esta possibilidade, dizendo não existirem condições para instalar portagens sem haver uma rede de transportes públicos de qualidade. “Não vamos agora taxar os carros que vêm de Gondomar para o Porto quando não há alternativas viáveis”, exemplificou, referindo-se à discussão sobre uma linha de metro até Gondomar.

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A opinião é partilhada por António Prôa, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa, que considera a iniciativa justificada somente “se for enquadrada numa política de promoção da qualidade do ar e dos transportes”. “Tem de ser integrada numa boa política de transportes para Lisboa, que passa por uma melhor oferta de transportes públicos, mais eficazes e menos poluentes e por restrições à circulação e ao estacionamento”, acrescentou.

A discussão sobre a instalação de portagens nos principais centros urbanos surge na sequência de declarações de Humberto Rosa, em que o secretário de Estado do Ambiente se mostra disponível para discutir o assunto com a Associação Nacional de Municípios (ANMP), considerando-a apenas uma das medidas para melhorar a qualidade do ar. Fonte do gabinete de Humberto Rosa garantiu não estarem a decorrer negociações com a ANMP, ao contrário do que ontem foi divulgado.

LONDRES

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A capital inglesa introduziu portagens em 2003, apenas numa pequena área da cidade, sendo, mais tarde, alargada a outras zonas. Só após a aplicação de alternativas, como o estacionamento periférico, o presidente da Câmara Municipal de Londres, Ken Livingstone, recorreu às portagens para combater o congestionamento no centro da cidade.

ESTOCOLMO

A capital da Suécia também tem portagens. O objectivo, porém, é diferente do de Londres, pois passa por erradicar o tráfico no centro da cidade à hora de ponta. A circulação automóvel diminuiu em cerca de 100 mil veículos (25%) nas zonas críticas, aumentando o número de utilizadores de transportes públicos em mais 40 mil.

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