Pró-Vida lança queixa
A Associação para o Planeamento da Família (APF) apresenta hoje um estudo na Maternidade Alfredo da Costa, segundo o qual uma em cada três mulheres que abortaram voluntariamente teve de completar a interrupção da gravidez num serviço de saúde público.
Lembrando que Duarte Vilar e Ana Maria Campos (mulher de Francisco Louçã e irmã do ministro da Saúde), dirigentes da APF, integram movimentos a favor do ‘sim’ no referendo, como o ‘Médicos pela Escolha’, o presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, Fernando Castro (irmão do líder do CDS Ribeiro e Castro), defensor do ‘não’, apresenta hoje queixa no Ministério da Saúde por uma maternidade pública acolher a apresentação de um estudo sobre o aborto, em tempo de pré-campanha para o referendo. Fernando Castro critica assim a escolha de uma maternidade para um estudo sobre o aborto: “É o mesmo do que apresentar um estudo do Sporting no Estádio da Luz.”
No inquérito, baseado num questionário feito a 2000 mulheres, a APF calcula entre 17 a 18 mil os abortos feitos em Portugal no ano passado. Das mulheres que disseram ter abortado, a maioria só o fez uma vez e 73% até às dez semanas.
Para a decisão de abortar, classificada como “difícil” ou “muito difícil”, pesou sobretudo a juventude das grávidas. O método mais utilizado foi a raspagem, seguido dos comprimidos – “arranjados por pessoa amiga” – e depois a aspiração.
O estudo indica que mais de um terço destas mulheres (34,5%) recorreu a um serviço de saúde público para completar o aborto, em especial por hemorragias.
as razões do voto
Das mulheres que admitiram já ter abortado, 75% diz votar pela despenalização, 16,7% não vota e 8,2% vai votar contra. No total das inquiridas, 56% vota pelo ‘sim’, 22,4% pelo ‘não’ e 21% abstém-se. Segundo o estudo, o grau de instrução afecta o sentido de voto.
A maioria das mulheres com Ensino Superior indica que vota ‘sim’, enquanto a maioria das que vota pelo ‘não’ tem o Ensino Básico. Significativa na intenção de voto é a religiosidade. As ‘praticantes frequentes’ são, na maioria, contra a despenalização, enquanto as ‘praticantes ocasionais’ ou ‘ateias’ são na maioria pelo ‘sim’.
O estudo diz ainda que “a maioria das mulheres concorda com a despenalização, quando a gravidez não é desejada”, mesmo entre as que nunca abortaram (48,5%). Hoje é apresentado o Movimento Liberal Social, de apoio ao ‘sim’.
DIREITO DE RESPOSTA
Na sequência da notícia ‘Pró-Vida Lança Queixa’, publicada na edição de 13/12/06, em que se afirmava que a médica Ana Campos era dirigente da Associação para o Planeamento da Família, o director executivo da APM, Duarte Vilar, esclarece “que a referida médica não é, nem nunca foi, dirigente desta Associação e que em momento algum esteve ligada à realização do referido estudo ou à decisão de cedência do Anfiteatro da MAC”.
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