Queixa de sevícias sexuais a bombeiro levou 11 dias a avançar
Jovem de 19 anos contactou comando e direção dos bombeiros do Fundão, mas teve de fazer queixa à GNR.
A violação e humilhação de um bombeiro da corporação do Fundão, às mãos de onze colegas, só foi denunciada à GNR 11 dias após ter ocorrido. O CM sabe que o jovem de 19 anos falou com o comando e direção do corpo de bombeiros pouco após os crimes, mas foi apenas informado de que seria aberto um inquérito disciplinar, sem ter sido feita participação criminal.
O caso ocorreu a 6 de setembro. O jovem tinha acabado de fazer os primeiros dois serviços, e foi rodeado por entre 6 a 8 colegas (autores materiais dos crimes sexuais, entre bombeiros e funcionários). A violação ocorreu num corredor de acesso às camaratas, e a videovigilância interna captou, pelo menos, a deslocação dos envolvidos para o local dos abusos. Os outros arguidos são graduados do corpo de bombeiros, que logo no dia souberam das sevícias e silenciaram-nas.
O jovem de 19 anos esperou até 11 de setembro e procurou elementos do comando e da direção para participar a situação. Como resposta recebeu a incredulidade e solidariedade dos responsáveis. No entanto, foi dito à vítima que não havia necessidade de suspender os envolvidos. Cansado de esperar, o bombeiro fez, a 17 de setembro, queixa na GNR local
Um mês depois, inspetores da Polícia Judiciária da Guarda estiveram nos bombeiros do Fundão, para recolher a videovigilância do dia dos crimes.
Nesta quarta feira, após os 11 envolvidos terem ido a tribunal, ficando todos em liberdade (8 estão proibidos de frequentar o quartel, e outros três apenas com autorização para ali irem com ordem superior), o comando dos bombeiros do Fundão tomou uma medida disciplinar semelhante.
O CM contactou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que disse "ter conhecido o caso através da comunicação social". "Estamos em fase de recolha de informação e esclarecimentos, e se se justificar serão promovidas medidas no âmbito das competências da ANEPC". O CM sabe que tal pode passar por abertura de processos disciplinares à estrutura de comando dos bombeiros do Fundão.
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