Relatório de Pedrógão Grande provoca mais demissões na Proteção Civil

Conheça os pontos essenciais do documento. Escolha de substituto adia saída de Joaquim Leitão.

14 de outubro de 2017 às 07:23
Joaquim Leitão , proteção civil, Jaime Marta Soares, Liga dos Bombeiros Foto: Bruno Colaço
Joaquim Leitão ao lado de Jaime Marta Soares, da Liga dos Bombeiros, ontem, durante um simulacro numa escola Foto: Bruno Colaço
Joaquim Leitão é o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil Foto: Bruno Colaço

1/3

Partilhar

A saída de Joaquim Leitão da presidência da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) já está decidida pelo Governo. O coronel do Exército, nomeado para o cargo a 24 de outubro de 2016, só ainda não saiu porque o substituto está por escolher.

Ao que o CM apurou, o golpe final para Joaquim Leitão foi o relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) sobre a tragédia de Pedrógão Grande. No documento fica provado que a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, recebeu a 6 de julho um relatório da ANPC sobre o fogo de Pedrógão com informações ambíguas. Um exemplo: a ANPC informou que pelas 16h43 estavam empenhados 167 operacionais, 48 viaturas e 2 meios aéreos quando, na realidade, estavam no terreno 68 operacionais e 22 viaturas, sem meios aéreos.

Pub

O empenho de meios aéreos nas primeiras duas horas de fogo, estando disponível apenas uma aeronave, quando deviam estar três, funciona também em desfavor de Joaquim Leitão, assim como a polémica das licenciaturas dos comandantes distritais. O presidente da ANPC declinou ontem comentar, afirmando "estar a analisar o relatório". A ministra da tutela também recusou ontem demitir-se no Parlamento, no mesmo dia em que foi anunciado o prolongamento, até dia 31, do período de defesa da floresta.

Pontos essenciais do relatório

Pub

- Poderiam ter sido tomadas medidas nas primeiras horas do combate para evitar consequências mais graves;

- Alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes;

- Existiram falhas no comando do combate ao fogo e faltaram medidas que poderiam ter moderado os seus efeitos;

Pub

- Excluída responsabilidade da GNR em direcionar carros para a Estrada Nacional 236, onde morreram 30 pessoas;

- Opções táticas e estratégicas tomadas durante o combate ao incêndio contribuíram para as consequências catastróficas;

- Incêndio demonstra que os sistemas de combate não estão preparados para enfrentar as alterações climáticas;

Pub

- Autoridades não tiveram a perceção da gravidade, pelo que no combate inicial não foram mobilizados todos os meios disponíveis;

- Atual comandante operacional nacional da Proteção Civil, Albino Tavares, ordenou aos operadores de comunicações que não registassem mais alertas na fita do tempo do incêndio de Pedrógão Grande;

- Mais de metade das mortes no incêndio de Pedrógão Grande ocorreram num espaço de tempo de cerca de 15 minutos;

Pub

- SIRESP está baseado em tecnologia ultrapassada e obsoleta, tendo sido notória a falha deste sistema de comunicações e das redes móveis;

- Presença excessiva de autoridades junto do posto de comando operacional perturbou o combate ao incêndio, a par de alguma menor experiência no comando;

- Incêndios que começaram em Pedrógão Grande (onde arderam 28 914 hectares) e Góis (17 521 hectares) foram causados, respetivamente, por descargas elétricas mediadas pela rede de distribuição de energia e por um raio;

Pub

- Comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil deveria ter tido uma presença ativa durante o incêndio de Pedrógão Grande.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar