Inspetor diz que arguido pediu a filha de Marco ‘Orelhas’ para apagar ficheiros referentes à noite do crime
Adepto do FC Porto foi esfaqueado 18 vezes nos festejos do título em 2022.
A sexta sessão do julgamento da morte de Igor Silva, adepto do FC Porto esfaqueado 18 vezes nos festejos do título em 2022, decorre, esta quarta-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto.O CM sabe que a família de Igor será ouvida da parte da tarde. Marco 'Orelhas', a esposa e o filho Renato encontram-se em tribunal. A primeira testemunha a ser ouvida foi uma amiga da namorada de Igor. Contou que estava na festa com a namorada de Igor e que viu Marco Gonçalves ('Orelhas') a correr. Disse ainda que viu Igor a cair, que viu muitas pessoas exaltadas, mas não fala em nomes.O advogado da família de Igor pediu para a testemunha ser confrontada com as declarações que deu na Polícia Judiciária, mas a defesa não concordou. Por considerar que existiram contradições, pediu uma extração de certidão para que o Ministério Público averigue eventual crime de falsas declarações.A segunda testemunha, namorado de Cassandra, uma das arguidas, referiu que não se lembra de nada. Anteriormente, na Polícia Judiciária, tinha dado vários pormenores do que tinha visto, mas agora disse não se recordar.Referiu, ainda, que viu todos os arguidos junto a uma rulote, menos Marco 'Orelhas' e Paulo Chanfras. Explica que Igor passou por lá "mas não se recorda de mais". Um dos bombeiros que socorreu Igor Silva na noite dos festejos, é a terceira testemunha a ser ouvida. Refere que na altura que se deu a agressão ao adepto do FC Porto, estava dentro de uma ambulância a assistir uma vítima. Explica em tribunal que o que sabe é sobre a agressão a Elisabete, uma outra jovem agredida. "Vi uma mulher a ser agredida por outras mulheres. Davam socos, pontapés e bateram com a cabeça dela na ambulância", disse. "Começaram a dar socos na nossa ambulância, solicitamos ajuda e saímos dali", explica, acrescentando que não existiam condições de segurança. Uma outra bombeira, e vizinha de Igor, garantiu que nada sabe do crime. "Levei apenas a irmã do Igor ao local onde tudo aconteceu e a minha filha na relva encontrou uma navalha", disse.Também uma quinta testemunha referiu que viu "um rapaz a correr e um grupo de outros rapazes atrás dele (Igor)". "Vi os rapazes a agarrarem-no e um homem depois a agredir. Só me apercebi de socos. Ele depois caiu ao chão. Passou por mim a polícia e indiquei o que ali se passava", asseverou.A testemunha garantiu ainda que enquanto estava no chão Igor continuou a ser agredido. "Ele já não se defendia", acrescentou.Esta é uma manhã marcada por várias contradições nos depoimentos das testemunhas entre o que disseram na PJ e o que estão a dizer em tribunal.O julgamento recomeçou depois de pausa para almoço com um inspetor da PJ a prestar declarações sobre vídeos captados dos momentos dos confrontos. Começou por explicar quem são as pessoas nos vídeos e a dar conta do que se via, sobretudo nas câmaras de videovigilância. Disse ainda que analisaram o telemóvel de Miguel Pereira, um dos arguidos, e salienta o facto de naquela noite ter trocado mensagens com uma pessoa que não foi identificada e onde dizia que tinha acontecido algo mau.Depois trocou também menagens com Iara (filha de Marco 'Orelhas') onde dizia para apagar ficheiros que tivesse daquela noite, nomeadamente fotos.Iara terá também enviado dias depois uma mensagem a dizer: "o meu irmão desgraçou a vida dele".Vão ainda ser ouvidos alguns familiares que aguardam ser chamados. Caso não aconteça durante a tarde de hoje os depoimentos poderão passar para o dia de amanhã.Recorde-se que o processo tem sete acusados por homicídio. ‘Orelhas’ e o filho Renato, estão em prisão preventiva, assim como mais dois arguidos. Outros três estão em liberdade.
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