Sócrates contra julgamentos morais
Ex-primeiro-ministro diz que foi avisado pelo diretor do 'JN'.
José Sócrates diz que está a ser alvo de "julgamentos morais" e confirma que foi Afonso Camões quem o avisou da investigação, em maio de 2014. Numa entrevista à SIC – divulgada esta terça-feira – o ex-PM reconhece o que foi noticiado pelo CM. De que sabia da investigação há mais de seis meses – e não apenas no dia em que o filho foi alvo de buscas, conforme tinha dito na primeira entrevista à TVI – e que o alerta lhe chegara através do atual diretor do 'JN'.
"Na altura, reagi a ela [ao aviso] com o desprezo e a indiferença que sempre me mereceram os boatos e os rumores. Não lhe dei mais importância que isso", assegura depois José Sócrates, não explicando se tomou alguma medida na sequência do aviso.
José Sócrates nada diz sobre os restantes contactos mantidos com Afonso Camões, nem tão pouco o facto de ter discutido com aquele a sua transferência da Agência Lusa para a direção do diário nortenho.
Sobre a investigação e os indícios que sobre ele recaem, José Sócrates pouco adianta. Confirma só outra conversa que também já foi noticiada e que dá conta de que contactou o vice-presidente angolano a pedido do Grupo Lena. Tal como o seu advogado tinha já dito no recurso, José Sócrates insiste: "Foi diplomacia económica". Mas garante que nada o movia em termos de benefícios pessoais.
A entrevista escrita é ainda marcada por fortes críticas à investigação. O juiz Carlos Alexandre e o procurador Rosário Teixeira são várias vezes visados, sendo acusados de perturbar o processo com constantes violações do segredo de justiça.
José Sócrates volta a insistir nesta entrevista que está preso sem provas e que "a prisão serve para investigar". Garante que os milhões apreendidos no processo são de Carlos Santos Silva e que aquele lhe fazia empréstimos num quadro de amizade. Considera normal a vida em Paris e diz que só num determinado período foi obrigado a recorrer ao amigo.
Revela ainda que entretanto conseguiu liquidar o empréstimo que na Caixa Geral de Depósitos, não explicando os montantes que manteve em dívida com o empresário que foi administrador do Grupo Lena.
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