Submarino nuclear ancorado no Tejo
Um submarino nuclear francês esteve atracado durante a última semana no cais reservado a navios de guerra de países da NATO, no Portinho da Costa, no Tejo. De acordo com fontes militares contactadas pelo CM, a presença do submarino de ataque ‘S601 Rubis’, que já estivera em Portugal há três anos, foi “mera rotina” e serviu apenas para abastecimento logístico.
Apesar disso, a presença do submarino nuclear no Tejo levou a Marinha a reforçar os meios de segurança na zona do Portinho da Costa. “Foram desencadeados os procedimentos normais para este tipo de situação”, confirmou fonte do Estado Maior da Armada. A segurança foi reforçada com fuzileiros e com pelo menos uma embarcação costeira.
De acordo com o comandante Braz de Oliveira, da Marinha, a presença de submarinos nucleares em Portugal “não é normal”. “Mas, por vezes, acontece com ingleses, franceses e, mais raro, americanos. São navios que fazem missões muito longas, de vários meses, e têm períodos de descanso em porto seguro.”
O cais do Portinho da Costa, em Almada, está reservado para os navios de guerra de países membros da NATO que passem por Lisboa. Ao CM, um fonte do Comando Conjunto da NATO, em Oeiras, explicou que a presença do ‘Rubis’ em Portugal “não está na alçada de qualquer missão do comando regional”.
O submarino francês deixou Lisboa na sexta-feira de manhã, depois de uma estadia de quatro dias em águas portuguesas, que, segundo fonte da Marinha, terá decorrido sem quaisquer problemas.
O ‘Rubis’ é um navio nuclear de ataque e foi o primeiro a entrar ao serviço, em 1983, na classe de submarinos a que deu o nome. No entanto, desde 1990 as novas versões do navio passaram a integrar uma outra classe: Améthyste. Pesa mais de 2,6 toneladas e tem uma guarnição de 66 militares.
Participou na Guerra do Golfo em 1991, em 2002 deu apoio a operações antiterroristas no Afeganistão e em 1993 esteve envolvido numa colisão com o petroleiro ‘Lyria’, ao largo de Toulon, em França.
DERRAME DE NAVIO INGLÊS HÁ OITO ANOS
“Por regra, a presença destes submarinos nucleares não traz problemas. No entanto, se isso acontecer, e por se tratar de navios nucleares, as consequências podem ser muito graves”, explicou ao CM Hélder Spínola da associação ambientalista Quercus. “Não tinha conhecimento de este submarino ter estado em Lisboa e, tanto quanto sabemos, não houve qualquer problema”, admitiu o responsável.
No entanto, e ao contrário do francês ‘Rubis’, que passou quase despercebido no Tejo, a presença de outros submarinos nucleares em Portugal não esteve isenta de críticas. Há cinco anos, em Fevereiro de 2001, o jornal espanhol ‘El Pais’ noticiou que o submarino britânico ‘Trenchant’, que estivera em Lisboa em Outubro de 1998, tinha derramado líquido radioactivo no rio Tejo. O Ministério do Ambiente garantiu, na altura, que não houve risco de contaminação. No entanto, três anos depois de conhecida a notícia avançada pelo jornal espanhol, em Maio de 2001, o alerta voltou a soar em Portugal. Várias organizações ambientalistas manifestaram-se contra a passagem, ao largo da costa portuguesa, do submarino britânico ‘Tireless’. O navio estivera mais de um ano a ser reparado em Gibraltar e regressava ao Reino Unido.
AUTORIZAÇÃO
A entrada e permanência de navios estrangeiros em Portugal é um processo político, que deve ser autorizado pelos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
MARINHA
Após autorização do nível político, a segurança das embarcações atracadas e a gestão da sua permanência em águas portuguesas cabe à Marinha.
MISSÕES
Submarinos nucleares como ‘Rubis’ efectuam missões de vários meses com apenas uma ou duas escalas em terra, em portos considerados seguros.
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