Torturam rapazes internados em lar
Dois ex-dirigentes e seis funcionários acusados de maus-tratos.
Foram três anos de total terror para 22 menores que frequentavam o polo de Vila do Conde do Centro Juvenil de Campanhã. Entre 2010 e 2013, os rapazes – entre os 10 e os 17 anos – foram espancados com toalhas molhadas, forçados a arrancar ervas de joelhos, agredidos com murros e bofetadas e privados de comida. Em outubro do ano passado, o caso foi denunciado. Dois ex-dirigentes do lar – Conceição Martins e Fausto Ferreira – estão agora acusados de maus-tratos, tal como seis funcionários.
A acusação do Ministério Público de Vila do Conde revela situações verdadeiramente chocantes no interior do centro, que se destina a acolher crianças e jovens em risco. Algumas das vítimas tinham mesmo sido retiradas às famílias e estavam à guarda do Estado.
Um dos menores relatou que chegou a ser agredido na barriga com um ferro, tendo ficado com marcas. Um outro jovem contou, por sua vez, que recusou-se a cantar numa festa de Natal e foi castigado com um corte de cabelo forçado.
As agressões eram, segundo o processo, de tal forma violentas que os menores chegavam em muitas situações a sangrar. As vítimas chegaram também a ficar impedidas de telefonar para os pais ou de os visitar durante o fim de semana. Muitas vezes, os menores foram também obrigados a realizar limpezas até de madrugada.
O caso foi investigado pelo Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) da GNR do Porto. Os oito arguidos aguardam o início do julgamento em liberdade.
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