Traídos pelo motor dos carros na fuga das chamas

A carga térmica concentrada em muitas zonas da EN236-1 provocou temperaturas superiores a 600 graus.

23 de junho de 2017 às 01:30
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Getty Images
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso
Na estrada 236-1 foram encontradas 47 pessoas mortas, a maioria carbonizada e no interior das viaturas que se despistaram Foto: Carlos Barroso

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As 47 vítimas mortais encontradas na Estrada Nacional 236-1, que liga Figueiró dos Vinhos a Castanheira de Pera, morreram carbonizadas e também intoxicadas com monóxido carbono porque em muitos locais a forte carga térmica rapidamente transformou a estrada num autêntico forno com temperaturas muito superiores a 600 graus.

Só num local daquela via, entre os nós de Nodeirinho e Sarzedas de São Pedro, num espaço de 100 metros, foi encontrada dezena e meia de viaturas. O facto daquela zona da estrada estar entre duas paredes de pedra potenciou a criação de uma espécie de forno com elevadas temperaturas. Acontece que os carros ao entrarem naquele ambiente com forte carga térmica, com fogo de um lado e do outro, onde a combustão consome o oxigénio e liberta monóxido de carbono, também eles perderam força motriz e os motores foram abaixo. A partir daí foi a confusão total. "Em alguns casos os condutores poderão ter-se assustado, desorientado e depois despistado, mas a grande maioria dos condutores ficou impotente para segurar as viaturas porque ficaram sem motor", explicou ao CM um comandante operacional dos bombeiros. Ou seja, num espaço onde o monóxido de carbono ocupou o lugar do oxigénio, as pessoas desfalecem de forma "quase instantânea" e não tiveram forças para fugir da fúria das labaredas. Segundo apurou o CM, a grande maioria das vítimas que não conseguiram fugir da estrada da morte invadida pelas chamas e onde se concentraram elevadas temperaturas morreram carbonizadas, mas muitas pessoas também terão morrido por intoxicação de monóxido de carbono.

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Só para se ter uma ideia, a temperatura foi tão elevada que conseguiu consumir o alcatrão em muitos locais da via.

Perante este cenário, e porque a zona envolvente da EN236-1 estava toda a arder, as forças de socorro também tiveram muitas dificuldades para trabalhar.

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"Nem que fosse com todos os meios que há no País, os bombeiros não fazem uma barreira, não é? Não fazem uma barreira de 30 metros de altura", diz o comandante de Figueiró dos Vinhos, Paulo Renato.

5% do CM de amanhã para os bombeiros

Amanhã, 5% da receita líquida da venda da edição do Correio da Manhã vai reverter para a Liga dos Bombeiros Portugueses, a exemplo de anos anteriores. Adquira a edição de amanhã do CM e ajude os bombeiros de norte a sul do País.

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Linha solidária do CM de apoio às vítimas

Está aberta uma linha solidária pelo CM cuja receita reverte na íntegra para ações de solidariedade em Pedrógão Grande. Basta ligar 760 202 101, numa chamada que custa 60 cêntimos mais IVA. Depois, o CM e a CMTV vão contribuir com 0,10 € por cada chamada recebida, para que todo o dinheiro gasto pelos leitores e espectadores reverta para as vítimas.

Filha de deputado enviada para  a estrada da morte

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Maurício Marques, deputado do PSD, contou aos colegas de bancada, numa reunião do grupo parlamentar, que só por sorte a filha e a sogra escaparam à tragédia, apurou o CM. A filha foi à aldeia da Graça para ir buscar a avó e no regresso, junto ao IC8, foi encaminhada pela GNR para a EN236. Tomou uma alternativa.

Governo quer incendiários presos em casa no verão

A ministra da Justiça apresentou ontem no Parlamento um diploma que prevê que os condenados por crime de incêndio florestal fiquem em prisão domiciliária com pulseira eletrónica no período de maior ocorrência de fogos. A decisão deve ser tomada caso a caso pelo juiz, que deve avaliar o perigo de reincidência.

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