Os gastos elevados de Sócrates e os crimes de corrupção: O que se sabe da decisão da Operação Marquês

Ex-governante, condenado a 22 crimes, gastou 28 mil euros por mês entre junho de 2011 e o final desse ano.

25 de janeiro de 2024 às 16:23
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O ex-primeiro-ministro José Sócrates vai ser julgado por 22 crimes no âmbito da Operação Marquês: três de corrupção, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal, foi esta quinta-feira revelado.Entre meados de junho de 2011 e agosto de 2014 a conta do antigo governante terá suportado despesas que ultrapassam 1 milhão de euros.

A decisão histórica do Tribunal da Relação sobre a Operação Marquês, que recuperou quase na totalidade a acusação do Ministério Público, demorou a ser conhecida, devido a um erro técnico.

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As juízas acreditam ainda que Carlos Santos Silva não era um amigo generoso, mas sim um "testa de ferro".

Gastos elevados de Sócrates

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O tribunal considerou que o caminho do dinheiro leva a José Sócrates e que o modo como o ex-primeiro-ministro dispunha do capital é um indício de que haveria sempre mais.

No período entre meados de junho de 2011 e o final do ano, quando era primeiro-ministro, José Sócrates teve despesas de 185 mil euros o que, segundo os débitos na conta que dispunha na Caixa Geral de Depósitos, corresponderia a um gasto mensal de 28 mil euros.

Entre meados de junho de 2011 e agosto de 2014 a conta do antigo governante terá suportado despesas que ultrapassam 1 milhão de euros.

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O antigo governante, que montou uma vasta rede que lhe permitiu branquear dinheiro, ia tendo e vários montantes de dinheiro que gastava em muitos luxos, incompatíveis com o que recebia como primeiro-ministro.

Entre os gastos estão compras de roupa, jantares em restaurantes e viagens.

Sócrates terá recebido vários milhões de Ricardo Salgado para favorecer o Grupo Espírito Santo face à Portugal Telecom. 

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A lista dos arguidos que vão a julgamento:

José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa

3 crimes de corrupção

13 crimes de branqueamento de capitais

6 crimes de fraude fiscal

TOTAL: 22 crimes

Carlos Santos Silva (empresário e amigo de Sócrates)

2 crimes de corrupção

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14 crimes de branqueamento

7 crimes de fraude fiscal

TOTAL: 23 crimes

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Joaquim Barroca Rodrigues (ex-administrador da construtora do Grupo LENA)

2 crimes de corrupção

7 crimes de branqueamento

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6 crimes de fraude fiscal

TOTAL: 15 crimes

José Luís Ribeiro dos Santos (funcionário das Infraestruturas de Portugal)

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1 crime de corrupção

1 crime de branqueamento

Luís Manuel Ferreira da Silva Marques (funcionário das Infraestruturas de Portugal)

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1 crime de corrupção

1 crime de branqueamento

Ricardo Espírito Santo Salgado (ex-presidente do BES/GES)

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3 crimes de corrupção

8 crimes de branqueamento

TOTAL: 11 crimes

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Zeinal Abedin Mohamed Bava (ex-presidente executivo da Portugal Telecom)

1 crime de corrupção

1 crime de branqueamento

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1 crime de fraude fiscal

Henrique Manuel Fusco Granadeiro (ex-gestor da Portugal Telecom)

1 crime de corrupção

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2 crimes de branqueamento

2 crimes de fraude fiscal

TOTAL: 5 crimes

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Armando Vara (antigo ministro e ex-administrador da CGD)

1 crime de corrupção

1 crime de branqueamento de capitais

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José Digo Gaspar Ferreira (ex-diretor executivo do empreendimento Vale do Lobo)

1 crime de corrupção

1 crime de branqueamento de capitais

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Rui Horta e Costa (ex-administrador de Vale do Lobo)

1 crime de corrupção

1 crime de branqueamento de capitais

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José Bernardo Pinto de Sousa (empresário e primo de José Sócrates)

2 crimes de branqueamento

Hélder José Bataglia dos Santos (empresário)

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5 crimes de branqueamento

Gonçalo Nuno Mendes da Trindade Ferreira (advogado)

3 crimes de branqueamento

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Inês Maria Carrusca Pontes do Rosário (mulher do arguido Carlos Santos Silva)

1 crime de branqueamento

João Pedro Soares Antunes Perna (ex-motorista de José Sócrates)

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1 crime de branqueamento

Sofia Mesquita Carvalho Fava (ex-mulher de José Sócrates)

1 crime de branqueamento

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Rui Manuel Antunes Mão de Ferro (sócio administrador e gerente de empresas)

1 crime de branqueamento de capitais

Lena Engenharia e Construções, S.A

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1 crime de corrupção

3 crimes de branqueamento de capitais

6 crimes de fraude fiscal

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TOTAL: 10 crimes

Lena Engenharia e Construções, SGPS

1 crime de corrupção

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1 crime de branqueamento

Lena, SGPS

1 crime de corrupção

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1 crime de branqueamento

"RMF- Consulting, Gestão e Consultoria Estratégica, LD.a

1 crime de branqueamento

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O Ministério Público (MP) recorreu da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, que não validou grande parte da acusação na Operação Marquês.

Em abril de 2021, Ivo Rosa deixou cair quase toda a acusação da ‘Operação Marquês’. Em causa neste recurso estava o arquivamento na decisão instrutória de 172 dos 189 crimes que constavam da acusação original do Ministério Público.Além do erro técnico no Citius, esta quinta-feira, o site do Tribunal da Relação de Lisboa foi alvo de um ataque informático, que, o Conselho Superior da Magistratura, excluiu que os dois problemas estejam relacionados.

Em atualização

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