Voluntários substituem padre na visita do compasso pascal
Habitantes da Meadela voluntariam-se para levar a cruz às 900 casas de uma das maiores freguesias da cidade.
Na freguesia da Meadela, em Viana do Castelo, o pároco local é substituído por voluntários na visita do compasso pascal. "Hoje em dia já não somos os únicos, mas fomos os primeiros", garante, orgulhoso, Manuel Vilar, pároco da freguesia há 48 anos.
Não consegue precisar o ano, mas sabe que "foi há mais de 30 anos" que quis deixar de ser o responsável por levar a cruz a beijar às centenas de casas de uma das maiores freguesias de Viana do Castelo. A falta de sacerdotes disponíveis foi uma das razões, mas o padre assegura que não foi a principal. Um hábito há muito enraizado nas gentes da terra incomodava Manuel Vilar."Parecia que ia à casa das pessoas para pedir dinheiro. Ia anunciar Cristo ressuscitado e parecia que regressava de um peditório", explicou ao CM. A atitude, que lhe causava "alguma revolta", deu, então, o impulso para que surgisse o hábito que até hoje se mantém – é entre o povo que se encontra quem faz a visita pascal.
Os cerca de 300 voluntários inscrevem-se para participar na iniciativa, sendo distribuídos por 32 grupos de cerca de sete elementos que, por turnos, fazem as visitas pascais de domingo e segunda-feira. Desde os mais novos, com seis anos, "que adoram levar a campainha", aos mais velhos, que "não abrem mão da tradição", há participantes de várias idades. Chegados às casas, os grupos entoam dois cânticos e têm "ordens para não aceitar o folar", garantiu o pároco.
Manuel Vilar tem estado a recolher os últimos voluntários para este ano, já que "ainda faltam alguns grupos, mas, no dia, nunca falham", concluiu. Cada grupo de leigos é acompanhado por um representante do padre, que entrega uma mensagem escrita do pároco aos moradores das habitações.
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