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Correio da Manhã

Portugal
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13 anos e meio de prisão para ex-guarda prisional que traficava droga na prisão de Paços de Ferreira

Líderes terão recrutado vários reclusos que colaboravam na atividade criminosa em troca de droga, telemóveis ou dinheiro.
Secundino Cunha e Lusa 19 de Julho de 2021 às 11:57
José Coelho a chegar a tribunal
Guarda José Coelho é arguido
José Coelho a chegar a tribunal
Guarda José Coelho é arguido
José Coelho a chegar a tribunal
Guarda José Coelho é arguido

Um ex-chefe da guarda prisional foi esta segunda-feira condenado a 13 anos e seis meses de prisão por ser "correio de droga" para três reclusos da cadeia de Paços de Ferreira, igualmente condenados a penas entre 6 e 12 anos.

Para o coletivo de juízes, presidido por Maria Judite Fonseca, ficou provado que o então chefe da guarda prisional José Coelho "serviu de correio de droga dos arguidos Joel Rodrigues, Mário Barros e José oliveira, que, de forma autónoma", se dedicavam à venda de cocaína, de haxixe, de heroína, de telemóveis e de outros bens ilícitos, no interior da cadeia de Paços de Ferreira, no distrito do Porto.

Pela introdução de "quilos" de estupefaciente e de bens ilegais no estabelecimento prisional, o ex-chefe da guarda prisional, de 62 anos e em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora, recebeu destes arguidos quantias monetárias, as quais não foi possível apurar.


Segundo a acusação do Ministério Público (MP), entre 2012 e 2019, o então chefe de guardas do Estabelecimento Prisional (EP) de Paços de Ferreira "por diversas vezes introduziu" naquele EP heroína, cocaína e canábis, bem como telemóveis, anfetaminas, cartões 'SIM' e de memória, destinados a três reclusos que depois procediam à sua venda ou cedência.

Em troca, sustenta o MP, recebia destes arguidos "dinheiro e outros bens, como televisores e bicicletas, correspondendo a sua contrapartida, em regra, a uma percentagem do valor de venda dos referidos artigos".

Os três supostos líderes terão recrutado vários reclusos que, "em troca de estupefaciente, telemóveis ou dinheiro, colaboravam" na atividade criminosa do grupo, montada no interior do estabelecimento prisional.

"Quer guardando o estupefaciente e os demais artigos nas respetivas celas em locais secretos para não serem descobertos pelos serviços prisionais e conhecidos no meio prisional como 'poços', quer indo recolher os estupefacientes, telemóveis e outros artigos aos locais onde eram deixados por quem os fazia entrar no estabelecimento prisional, quer procedendo à venda direta aos reclusos do estabelecimento prisional (EP) e conhecidos no referido meio como 'pontas'", relata a acusação, a que a Lusa teve acesso.

Os arguidos respondem por cerca de 40 crimes, a maioria por tráfico de estupefacientes agravado, enquanto os principais arguidos estão ainda acusados de corrupção ativa, de extorsão e de branqueamento de capitais.

O chefe da guarda prisional, preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora, está acusado de um crime de tráfico de estupefacientes agravado e de cinco crimes de corrupção passiva.

Na primeira sessão de julgamento, em 17 de fevereiro, um dos arguidos assumiu que guardava na cela droga de dois dos três alegados cabecilhas da rede, disse saber de outros reclusos que vendiam estupefacientes e explicou que a droga chegava ao EP de Paços de Ferreira "tipo em tijolo ou pedra", isolada em fita castanha.

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