Força policial foi chamada ao local depois de o deputado do Chega Bruno Mascarenhas ter apresentado queixa contra o deputado Miguel Graça, que o acusou de racismo e xenofobia.
A PSP instaurou um inquérito sobre a atuação na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa realizada esta terça-feira à tarde, depois de um pedido de intervenção por "uma situação de injúrias e distúrbios entre deputados municipais", anunciou a força policial.
"Para cabal esclarecimento das circunstâncias da atuação da PSP durante o decurso da sessão da Assembleia Municipal, foi determinada a instauração de um inquérito", lê-se numa nota do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa.
Conforme constatou a Lusa no local, cerca de 16h45, dois agentes Polícia de Segurança Pública (PSP) entraram na sala onde decorria a reunião, no Fórum Lisboa, tendo momentos depois saído acompanhados do deputado municipal do Chega, Bruno Mascarenhas.
Na altura, os deputados questionaram o que se estava a passar e a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), Rosário Farmhouse (PS), interrompeu os trabalhos para esclarecer a situação.
Minutos depois, o deputado do Chega voltou a entrar na sala e disse à Lusa que chamou a PSP para apresentar "uma denúncia" contra o deputado independente eleito pela coligação PS/Livre Miguel Graça, que o acusou de fazer uma intervenção racista e xenófoba.
Na nota enviada posteriormente, a PSP esclarece que a 18.ª esquadra recebeu às 16h36 uma chamada telefónica solicitando "a intervenção da polícia por uma situação de injúrias e distúrbios entre deputados municipais, nas instalações situadas na Avenida de Roma, 14 - Lisboa".
Face ao pedido, foi acionado um carro patrulha para "averiguar a alegada situação" e, uma vez no local "e a pedido de um suposto interveniente que se encontrava no exterior, os polícias entraram no auditório para contactar com o alegado ofendido, local onde verificaram posteriormente estar a decorrer uma sessão da Assembleia Municipal de Lisboa", acrescenta a PSP.
Ainda de acordo com a PSP, depois de terminadas as diligências no interior do auditório, os agentes "finalizaram no exterior a recolha da informação relativa à ocorrência e da identificação do alegado ofendido".
A queixa apresentada por Bruno Mascarenhas contra o deputado Miguel Graça surgiu depois de o deputado do Chega ter saudado as notícias de que a decisão de construir uma mesquita no Martim Moniz vai ser repensada.
"A câmara entendeu que, realmente, era um perigo para a cidade que haja ali a questão do Islão radical", afirmou, considerando que uma coisa é acolher bem quem visita a cidade, outra coisa é defender a política de guetos, porque a multiculturalidade não é mais do que defender a política de guetos".
Depois, numa interpelação à mesa da assembleia, o deputado Miguel Graça considerou que a intervenção do Chega foi "uma declaração racista e xenófoba", alertando que "o racismo é crime em Portugal" e pedindo para que o excerto da ata com a intervenção de Bruno Mascarenhas seja enviado à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR).
Cerca de 15 minutos depois da interrupção, a reunião foi retomada e Rosário Farmhouse explicou que foi o deputado Bruno Mascarenhas que chamou a PSP para apresentar uma queixa e, "inadvertidamente, a polícia entrou dentro da assembleia municipal e interrompeu os trabalhos".
"Já tive oportunidade de falar com os dois agentes da PSP para clarificar que isso não pode acontecer, não podia ter acontecido", indicou a presidente da assembleia, adiantado que os polícias entraram "acompanhados por um adjunto do Chega".
Depois dessa informação, uma vez que só a presidente da assembleia tem competência para chamar a PSP, os grupos municipais de PSD, PS, BE, Livre, PCP, Aliança, Iniciativa Liberal, MPT, CDS-PP e PAN protestaram contra a atitude do deputado do Chega, considerando que foi "inadmissível" e representa "uma violação dos princípios da democracia" e questionando sobre a segurança daquele órgão, que é da responsabilidade da Polícia Municipal.
"Aquilo que aconteceu hoje aqui não devia ter acontecido. Aquilo que aconteceu hoje aqui não pode voltar a repetir-se. Os lisboetas votaram em nós, porque acreditam que somos capazes de mudar Lisboa para melhor e não para fazermos estas figuras tristes que fizemos, todos, cada um na sua medida [...], todos nós, fruto de um acontecimento que não devia ter acontecido, acabámos por fazer aqui toda uma rebelião", concluiu a presidente da assembleia, pedindo desculpa aos lisboetas, pelo momento que "envergonha".
Rosário Farmhouse adiantou que será averiguado o que se passou, através dos serviços jurídicos da assembleia.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.