Débora Carvalho
JornalistaFrancisca Laranjo
JornalistaPausa para almoço
"Não tenho nada a apontar a Sócrates", diz antiga gestora de conta
Sócrates: "Queria saber como está a minha conta".
Dina: "Resolvi a dificuldade que tínhamos. Tem disponíveis 700 euros. Recentemente tivemos várias transferências, nomeadamente as de Paris. 5 mil euros para a ex-mulher. Caiu a transferência do Mercedes. A renda do José Miguel e as mesadas. As mais volumosas foram as que disse primeiro. No fundo são as despesas fixas que consomem."
Sócrates: "Hoje é dia 20 e tal. Também ainda vou receber. No final do ano, em novembro, vou receber uns prémios. De sucesso da empresa, bom. Vamos ter de olhar para isso dessa forma. Estou com despesas exageradas."
Dina: "Pois entre o valor das prestações, rendas e transferência estamos a falar de 15 mil euros."
Sócrates: "Está bem"
Dina: "Recebeu no dia 7. Estamos a entrar em novembro deve estar para cair."
Dina: "Recordo-me que houve empréstimo liquidados normalmente. Quando foi feito o último empréstimo, o de 75 mil euros já tinha amortizado. Agora como foi pago? Salvo erro, a venda do Mercedes. Caiu na conta saldo disto. Também vendeu a própria casa."
Procurador: "De que casa fala?"
Dina: "Foi a da rua Castilho"
Procurador: "Foi depois da detenção de Sócrates?"
Dina: "Sim, é provável. Não estava na escritura ele. Eu fui e estava um advogado. Liquidou os empréstimos todos"
Procurador termina perguntas.
Começa a juíza. "Era comum estes contactos frequentes com clientes?, questiona.
Dina: "No caso do engenheiro não usava caixa direta nem cartão. Era difícil criar distanciamento, só funcionava assim e não automatizava."
Advogados agora querem algumas previsões.
Procurador tem perguntado se obedeciam a padrões ou não. "Para esta questão dos empréstimos e do contacto direto, o banco não lhe dava tratamento excecional?"
Dina: "Não, era como qualquer outro. Enquanto eu estive na gestão, não tenho nada a apontar a Sócrates."
Juíza: "Tinha dois ordenados. Um mais duradouro, outro menos. Se não tivesse sido detido, a conta e o empréstimo iriam resolver-se naturalmente? Portanto, é detido em novembro e deixa de ter vencimentos"
Dina: "Ia fazer-se naturalmente sim"
Terminou o depoimento.
Sócrates queixa-se de estar a ser "roubado pelo Estado" após confirmar que não tem 40 mil euros para pagar IRS
Procurador: "Recorda se que lhe telefona por causa de um pagamento de impostos de 40 mil euros?
Dina: "Sim".
Procurador: "Ele pergunta-lhe de fundos na disponibilidade da mãe?"
Dina: "Não me recordo"
Procurador pede para se ouvir escuta.
Na escuta telefónica, exibida em tribunal, Sócrates queixa-se de estar a ser "roubado pelo Estado" por ter de pagar 40 mil euros de IRS.
"Quanto tenho na conta?", pergunta Sócrates à gestora, ao que esta responde: "31 mil euros"
Sócrates pergunta quanto dinheiro tem a mãe na conta e fica a saber que são 4 mil.
"Hum... vou ter de pedir dinheiro emprestado", responde.
Noutra escuta, de março de 2014, a gestora liga a Sócrates a dizer que a secretária lhe tinha ligado por causa dos “300 euros para impostos e a parte dela”. Dina informa-o que “este mês não caiu a transferência de 12 500 euros”. “Não?!”, respondeu Sócrates. “Não, caiu no mês passado, só em fevereiro”, diz Dina, que o informa de que “ a conta apresenta saldo disponível de 1041 euros”. “Pode só pagar o IMI… eu falo depois com ela“, refere Sócrates.
Créditos de Sócrates:
“Eram 65 mil, mas agora já vai em 52”
“Paga 3 mil 644 de prestação”
Sócrates: "Quanto tempo é?
Dina: "São dois anos. O outro paga de prestação 1902 euros. Este foi feito por 40 mil, em dois anos"
Sócrates: "Pronto agora posso aumentar as prestações. Quanto tempo é? Dois anos?"
Dina: "Último foi 40 mil euros".
Sócrates: "Posso pagar esse num ano? Quanto será?"
Dina: "Estamos a falar de 4 mil euros. Se calhar é muito."
Sócrates: "Pois, isso significa 8 mil por mês. Ia regressar mais ou menos ao que tinha no vencimento, o rendimento disponível. De qualquer forma, se tenho 31 mil não preciso dos 40 mil. Pode ser 30 mil, mas só por um ano. Quero pagar tudo”
Dina: "Não usa a caixa direta on-line?"
Sócrates: "Acho mais humano telefonar-lhe a si" (entre risos)
Sócrates: "Dina, portanto, preciso de fazer esse novo empréstimo por um ano, de 30 mil euros. Queria movimentar e pagar 40 e tal mil euros"
No mesmo ano, Sócrates pediu três empréstimos. Janeiro, junho e novembro.
Sócrates gastou um empréstimo de 75 mil euros em três meses (de janeiro a março)
Antiga gestora de conta lembra que Sócrates questionava: "Só tenho isso?"
Escuta ouvida em tribunal. Sócrates pergunta à gestora Dina Alexandre: "Queria alterar os titulares da conta. Eu e a minha ex mulher temos de movimentar a conta. Isso é possível? Alterar os titulares?"
Esta responde: "Eu vou confirmar, mas parece me que sim. Se fosse em Portugal era pacífico de fazer".
Sócrates: "Se não fosse assim teria de transferir numa conta para ela. Tinha de abrir a conta (...) Pronto. Era isto. Não costumo dar tanto trabalho" (risos)
Dina: "Sem problema. A única coisa que vai ficar se precisarmos é assinarem os contratos."
Sócrates: "Amanhã ainda estou cá mas depois vou para Paris à tarde. Mas estou de manhã à sua disposição”
Gestora reforça que não se recordava desta conversa.
Dina: “Sei que fui ter com ele. Assinou tudo. Fez tudo o que foi preciso. Lembro-me disso. Mas foi há muito tempo, há coisas que não sei precisar”
Procurador: "Negociou empréstimos com Sócrates?"
Dina: “Sim houve mais um, salvo erro”
Procurador: "Em junho, Sócrates pede transferência da conta da mãe. Tem memória?"
Dina: “Não. Mas eu nunca fiz uma transferência da conta da mãe a pedido de Sócrates. Confirmava com Adelaide”
Procurador: "Falou num segundo empréstimo de Sócrates. Sabe a data?"
Dina: “Não sei precisar nem tenho memória do valor do empréstimo”
Procurador: "Quantificou o valor das despesas fixas de Sócrates?"
Dina: “Sim, apareceu na comunicação social infelizmente”
Procurador: "Recorda-se porque leu na imprensa?"
Dina: “O saldo era gerido em função dos valores. Tive de fazer sistematização das despesas para perceber que dali já não passava”
Procurador: "Está a dizer que tinha uma perceção pouco clara dessas despesas?"
Dina: “Estou a dizer que me questionava o saldo da conta e dizia ‘só tenho isso?’ E eu tive de fazer essas sistematização”
Procurador: "Mas quantificou o valor das despesas fixas?"
Dina: “Não havia padrão fixo, era em função do que gastava”
Procurador: "Fazia transferências da conta da mãe para ele?
Dina: "Sim. Com a ordem da mãe."
Antiga gestora de conta de José Sócrates começa a ser ouvida
Dina Alexandre entra na sala e começa por se identificar. "Conhece José Sócrates?", perguntam. "Conheço, era cliente da agência onde eu era gerente bancária, a partir de 2014", responde.
"Tínhamos uma relação só profissional. Não conheço Santos Silva, nem Ricardo Salgado. Armando Vara conheço enquanto administrador da Caixa, nada mais", acrescenta.
Procurador começa a fazer perguntas.
“Já se identificou, é bancária. A sua entrada referiu que foi em janeiro de 2014. Foi substituir uma colega sua, que era a gestora da conta de Sócrates”
“Nós éramos gerentes do balcão e era connosco que ele tratava sim”, responde Dina.
Procurador: “Passou-lhe a pasta a sua colega. Deu informações?”
“O normal só”, afirma.
"Quantos cartões de crédito tinha (Sócrates)? Tinha plafond?", questiona o procurador.
"Tinha dois cartões de crédito, mas não me lembro qual era o limite", diz.
Procurador: "Como é que Sócrates geria a conta? Telefonava?"
Dina: “Telefonava a maior parte das vezes. Pedia o que pretendia fazer. Se queria pagar ou transferir”
Procurador: "As instruções por telefone aconteceram quando estava em Paris? Soube disso?"
Dina: “Não, não tive noção que estivesse em Paris. Ele viajava era um facto. Mas estar em Paris não me recordo”
Procurador: "O facto de estar no estrangeiro impede-o de dar ordens de gestão na conta? Pague aqui, transfira ali?"
Dina: “Não. Não era, se conhecêssemos a pessoa. Este tipo de transferências era mais comum há uns anos atrás. Conhecermos e executarmos. Hoje em dia há sistemas alternativos”
Procurador: "Fazia por conhecer a pessoa?"
Dina: “Sim. Dava instruções e cumpria. Sabia quem estava a falar”
Procurador: "Deu instruções sobre a conta da mãe?"
Dina: “Às vezes fazia referências a isso. Mas nada direto. Sempre que era necessário mexer nessa conta eu falava com a senhora. Pedia sempre confirmação”
“Não conheço a origem dos fundos das contas dos clientes”, acrescenta.
Procurador: "Não se recorda de ter falado com colegas da Caixa de Paris?"
Dina: "Não, não me recordo. Recebi ordens para transferir para contas de outras pessoas. Acontece muito"
Procurador insiste na questão da transferência de dinheiro entre Lisboa e Paris e a testemunha reforça que não se lembra.
Procurador: "Houve novo pedido de empréstimo?"
Dina: “Sei que houve. Mas não sei se foi logo, mal entrei na Caixa”
Procurador pede que seja confrontada com escuta.
Começa a sessão de julgamento
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