Ana Isabel Fonseca
JornalistaTermina a sessão
"As condições eram más, ou mesmo muito más”: José Rebelo da Silva recorda AG do FC Porto
A última testemunha a ser ouvida foi José Rebelo da Silva, que fazia parte da mesa da assembleia-geral do FC Porto como suplente. Também exerceu as funções de secretário na assembleia de 13 de novembro de 2023. Recordou como soube que a assembleia iria ser no Dragão Arena.
“Tive conhecimento quando o Dr. Lourenço Pinto informou os presentes que a reunião ia transitar para o pavilhão. Não tomei parte nessa decisão de transferência, foi-me só comunicado”, explicou a testemunha, que deu conta de que não existiam condições.
“O som era muito mau, existia muito ruído também das pessoas que não queriam que a assembleia começasse porque estava gente lá fora. Eu diria que as condições eram más, ou mesmo muito más”, referiu.
José Rebelo da Silva explicou que Miguel Brás da Cunha um sócio que discursou, foi insultado.
A testemunha lembra que depois existiram vários problemas na elaboração da ata da assembleia.
“Existia já uma ata feita pelo Dr. Lourenço Pinto. Era uma ata muito sintética, que ocultava factos desagradáveis que tinha acontecido na assembleia. O Dr. Lourenço Pinto queria impor aquela ata e nós não nos revíamos. O Dr. Lourenço Pinto foi até desagradável com o Dr. Sardoeira Pinto, disse que ele tinha feito uma ata de condomínio. Depois percebi que ele não se apercebeu de várias coisas que aconteceram na assembleia, ele ouve mal e pode não se ter apercebido de várias coisas”, explicou.
José Rebelo da Silva diz que algumas semanas depois existiu nova reunião e houve uma cedência. “Nós aceitamos colocar que tinha existido uma votação quando não existiu votação nenhuma. O Dr. Lourenço Pinto ameaçou que se não fosse assim demitia-se”, recordou.
Pausa para almoço
“As coisas descambaram”, membro do Conselho Fiscal do FC Porto exigiu que parassem assembleia
Jorge Guimarães, membro do Conselho Fiscal do FC Porto à data da assembleia, também prestou depoimento. Explicou que dias antes da assembleia começaram a surgir preocupações. Numa reunião, na sexta-feira anterior, Pinto da Costa e Adelino Caldeira, então administrador, abordaram Lourenço Pinto, o presidente da mesa da assembleia, sobre a forma como tudo estava a ser organizado.
“Ele respondeu: eu tenho 40 anos de assembleia, não duvidem que vai correr tudo bem. Eu saí de lá super preocupado. Estive também com o Dr. Cerejeira Namora, expliquei as minhas preocupações e ele mostrou-me um WhatsApp onde dizia ao Dr. Lourenço Pinto que podia dar apoio. Ele respondeu que não precisava”, recordou a testemunha.
Jorge Guimarães afirmou que já previa “que as coisas podiam não correr bem” e que na assembleia assistiu a confrontos físicos, nomeadamente uma situação que envolveu o adepto Henrique Ramos.
“As coisas descambaram, foi isso que me levou a ter a intervenção. Vi três situações de confrontos, isto não foi nenhuma batalha campal. Foi grave, claro”, recordou, tendo pormenorizado aquilo que viu.
“Vi um episódio do Henrique Ramos, também na bancada norte outro episódio de uma senhora loira, que envolveu o marido. O terceiro foi um indivíduo que sai das filas da bancada norte percorre a escadaria dá um pontapé também no Henrique Ramos. Foram as crispações físicas que toda a gente viu”, relatou.
O então membro do conselho fiscal diz que viu Pinto da Costa “muito entristecido” e que decidiu tomar uma atitude para terminar com a assembleia.
“Levantei-me, fui por trás do palanque e disse o que tinha a dizer, que devia acabar com a assembleia, nem sei porque não foi suspensa logo no auditório. Tudo apontava para que algo de menos bom pudesse ocorrer e a única coisa que teimava em continuar era o Dr. Lourenço Pinto”, afirmou.
Jorge Guimarães diz que mesmo assim o presidente da mesa não terminou assembleia de imediato. “Levantou-se e foi falar com o presidente Pinto da Costa, que também entendeu que se devia acabar. O senhor presidente disse numa entrevista que me pediu para acabar com assembleia, mas isso é falso. Foi uma forma dele validar a atitude que eu tomei”, acrescentou.
Quanto à escolha do pavilhão Dragão Arena, o ex-membro do conselho fiscal alegou que apenas se falou neste local no próprio dia, já depois das 20h00.
A testemunha esteve ainda ouvida no projeto de revisão de estatutos, tendo garantido que nunca foi exercida qualquer pressão durante esse processo. Explicou ainda proposta era de que entrariam em vigor apenas após o próximo ato eleitoral, mas que esta redação foi alterada por intervenção de Lourenço Pinto, que era o presidente da assembleia-geral.
“O Lourenço Pinto foi o único que provocou crispação. Ele fez uma intervenção a criticar, explicou que não fazia sentido que entrassem apenas após o novo ato eleitoral, que era irracional. Foi mesmo desagradável”, recordou.
Ana Isabel Fonseca
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“Admito que [os comentários] não tenham sido elogiosos": Antigo administrador do FC Porto recorda confusão durante intervenção na AG
O advogado Miguel Brás da Cunha também foi chamado a testemunhar. É membro do Conselho Superior do FC Porto desde 2020, tendo sido eleito duas vezes após apresentar uma lista independente. Começou por explicar a sua intervenção no projeto de revisão estatutária.
“Existiu algum tipo de pressão ou intervenção da direção durante esse processo?”, pergunta a defesa de Madureira.
“Não”, garante Brás da Cunha, que explica que, nas redes sociais, se falava muito dos estatutos e que se falava em votar contra essa alteração.
“Existia um conjunto grande de adeptos que mostravam desagrado. Os argumentos nas redes sociais eram de que os estatutos estavam feitos para satisfazer os interesses da direção”, explicou. “As alterações eram para tornar os estatutos melhores para o FC Porto”.
A testemunha referiu ainda que a proposta era que os novos estatutos entrassem em vigor apenas após o ato eleitoral seguinte.
Miguel Brás da Cunha esteve presente na assembleia e foi uma das pessoas que discursou. “A minha intervenção foi a segunda, veio a seguir ao presidente Pinto da Costa. Na minha intervenção gerou-se um grande burburinho, uma confusão muito grande. Nessa altura deu-se também uma confusão na bancada, as pessoas saíram e colocaram-se atrás de mim. Minutos depois retomei a minha intervenção e nessa altura tenho ideia de que já consegui falar sem qualquer problema”, recordou.
O advogado não se lembra dos insultos de que foi alvo. “Admito que [os comentários] não tenham sido elogiosos. O som não era o melhor no pavilhão, eu admito que algumas das reclamações tivessem a ver com isso”, contou.
Cantor descreve 'Macaco' como uma pessoa solidária devido ao apoio dos Super Dragões à filha doente
Alberto Silva - cantor que é mais conhecido como Alberto Índio – foi também ouvido no julgamento da Operação Pretoriano, tendo referido que é amigo de Fernando e Sandra Madureira.
A testemunha explicou que essa amizade nasceu numa altura em que a filha estava a passar por problemas de saúde e recebeu apoio da claque dos Super Dragões. A testemunha abonatória relatou também que o casal Madureira esteve envolvido em várias ações de solidariedade.
António Alberto, amigo do casal Madureira, também descreveu a personalidade de ‘Macaco’, dando conta de que é alguém sempre pronto para ajudar.
Fernando Gomes afirma que discurso de Pinto da Costa na AG provocou "reações ruidosas"
Fernando Gomes, ex-administrador e antigo vice-presidente do clube, também foi arrolado como testemunha. A defesa de Madureira começou por colocar questões sobre a alteração dos estatutos. “A administração considerava que a alteração estatutária dizia apenas respeito clube. Nunca tive qualquer participação e nem fui consultado. Tenho ideia que o então Presidente era contra algumas dessas alterações”, referiu, dando conta de que nunca foi assunto da direção.
Sobre a assembleia, Fernando Gomes lembrou que existiram reações ao discurso de Pinto da Costa.
“As reações eram ruidosas, mas não consigo dizer que existiram grandes aplausos ou que vaiaram. Era muito confusa a assembleia”, concluiu.
Hugo Santos diz que 'Macaco' era “um fator agregador de sócios”
A primeira testemunha de defesa de Fernando Madureira é Hugo Santos, que à data da assembleia era membro do Conselho Superior do clube. Esteve presente na assembleia de 13 de novembro de 2023. “Estive dentro do auditório até os trabalhos serem suspensos. Vim nessa altura cá fora, existia burburinho”, disse, referindo que não viu ameaças no auditório.
Já sobre o que se passou no pavilhão, Hugo referiu que soube que tinham existido confrontos.
“Percebi que houve uma altercação na bancada com pessoas a irem embora. Eu olhei e percebi que não existiam condições para estar ali a discutir nada, não se conseguia ouvir. Fiquei frustrado por perceber que não se ia ali discutir nada”, explicou.
“Viu pessoas a fugir do pavilhão?”, questionou o advogado do ‘Macaco’.
“Vi pessoas a irem embora, uma delas era minha amiga. Explicou que houve uma confusão e que decidiu sair”, explicou a testemunha, que diz que o antigo chefe dos Super Dragões era, na sua opinião, “um fator agregador de sócios”.
A advogada do FC Porto questionou depois se como líder, ‘Macaco’ era seguido por todos.
“Não há nenhuma liderança que consiga controlar o comportamento individual de todos”, defendeu a testemunha.
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