Um homem morreu e outro ficou gravemente ferido, ontem ao início da noite, quando uma avioneta colidiu com um automóvel que circulava numa estrada que cruza o aeródromo de Paramos, em Espinho. A vítima mortal é o condutor do veículo ligeiro, sendo que o piloto da aeronave, um jovem de 24 anos, está internado em estado considerado "muito grave" num hospital de Santa Maria da Feira.
O acidente aconteceu pelas 20h30, quando a avioneta tentava levantar voo. De acordo com uma fonte dos bombeiros, um Citroën C4 ia a passar num caminho público que atravessa a pista do aeródromo e a colisão foi violenta.
O automóvel explodiu, matando o condutor e único ocupante do veículo, um jovem com 20 anos de idade. O piloto da avioneta ficou gravemente ferido, tendo, ao final da noite de ontem, sido transferido para os cuidados intensivos do Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, com queimaduras em todo o corpo. A meio da tarde seria transferido para o Hospital de Prelada, no Porto. Devido à extensão e gravidade destas queimaduras, os médicos anunciaram que o prognóstico do jovem piloto é "muito reservado".
De acordo com uma fonte médica do hospital, o piloto deverá ser transferido ainda hoje para um hospital do Sul do País, atendendo a que no Norte e Centro não há vagas em nenhuma unidade de queimados com condições para receber doentes ventilados.
Segundo testemunhas ouvidas no local do acidente, o caminho público que atravessa perpendicularmente a pista do aeródoromo de Paramos tem um aviso na entrada para os automobilistas terem cuidado, porque vão atravessar uma pista de aviação, sendo que o local tem sido palco de outros acidentes, mas sem a gravidade do ocorrido ontem.
Estas mesmas testemunhas referem que as autoridades já foram alertadas para o perigo que constitui o facto de a pista do aeródromo ser atravessada pela estrada que dá acesso a umas casas existentes nas proximidades e à praia de Paramos.
ACIDENTE VAI SER INVESTIGADO
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos anunciou já que vai começar a investigar hoje o acidente ocorrido ontem no aeródromo de Paramos.
O director deste organismo, coronel Alfredo Anacleto dos Santos, revelou que já foi nomeado um investigador que terá por missão coordenar a investigação para apurar as circunstâncias em que ocorreu a colisão entre a aeronave e o veículo ligeiro.
NEGOCIADA SOLUÇÃO PARA PARAMOS
O presidente da Direcção do Aeroclube Costa Verde (ACCV), Jorge Pinhal, afirmou esta segunda-feira à rádio TSF que estão em curso negociações para encontrar uma solução para a pista do aeródromo de Paramos, de forma a evitar acidentes como o ocorrido ontem.
Segundo adiantou este responsável do ACCV, entidade a quem está cedido o aérodromo, a solução a encontrar deve implicar cedências para todos, sendo necessário vedar a pista do aeródromo para evitar a entrada naquela infra-estrutura de veículos, pessoas e animais. “O ideal seria deslocar a estrada um pouco mais para Norte”, assinalou.
Ainda segundo o presidente da Direcção do Aeroclube Costa Verde, é também preciso aumentar a pista, já que aquela que está a ser utilizada agora é pequena e nem sempre as aeronaves conseguem parar no espaço disponível para o efeito.
Saliente-se, entretanto, que o aeródromo de Paramos não é o único a ser atravessado por uma estrada. Há pelo menos mais dois casos idênticos no País. No aeródromo de Gavião, a estrada nacional 532 cruza a pista, tal como acontece em Leiria, onde uma estrada municipal de acesso a duas aldeias atravessa o aeródromo.
INAC EMITE COMUNICADO
Já esta manhã, o Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) emitiu um comunicado em que esclarece que o acidente ocorrido em Paramos ocorreu para lá do limite previsto para as aterragens e descolagens, indiciando que a culpa do acidente pode ter sido do piloto.
"O comprimento de rolagem declarado para operações de aterragem ou descolagem é de 490 metros", refere o comunicado do INAC. De acordo com este instituto, todas as actividades operacionais das aeronaves só deverão ser realizadas neste segmento da pista, que se encontra certificado, apesar de a infra-estrutura ter um comprimento total de 1.500 metros.
O INAC esclarece ainda que entre o limite operacional da pista e a estrada onde ocorreu a colisão distam 110 metros, confirmando assim que o acidente se verificou fora do limite estipulado para aterragens e descolagens. Apesar de não o afirmar, o unstituto deixa supor que o acidente terá sido causado por culpa do piloto da avioneta.
TRÊS FORMAS DE VER UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA
"MATARAM O MEU FILHO"
Manuel Fernandes, pai do jovem Geoffrey (o condutor falecido), era o proprietário do carro que o filho conduzia. Natural de Braga e dono de um talho em Esmoriz após ter emigrado para França, donde regressou há sete anos. Pela tarde de ontem, acompanhou a actividade dos peritos e a remoção dos destroços do acidente. “O meu filho era atinado. Não fumava nem bebia e a primeira coisa que fazia ao entrar no carro era apertar o cinto de segurança. Este acidente não tem explicação. Como se pode permitir uma pista de aviação atravessada por uma estrada? Mataram o meu filho.”, desabafou ao CM.
"AVIÕES GOZAM CONNOSCO"
Carlos Almeida, 41 anos, morador na praia de Paramos, foi pescador durante 17 anos e trabalha agora numa cordoaria. Foi dos primeiros a acorrer ao acidente, e a sua revolta dirige-se contra os pilotos das aeronaves. “Fazem voos rasantes sobre nós como se isto fosse uma brincadeira. Ainda no domingo à tarde, um tipo em Asa Delta andou a sobrevoar o espaço da nossa festa, aqui no limite do aeródromo, mesmo quando lançávamos fogo-de-artifício. Não respeitam ninguém, lá por serem magnatas, e se calhar por andarem lá no alto, julgam ser os senhores do mundo”.
"OS TRIBUNAIS QUE DECIDAM"
António Gonçalves foi o perito de seguros enviado pela Liberty para obter elementos pormenorizados sobre as circunstâncias do acidente. Depois de recolher depoimentos e fazer fotos de todos os ângulos no local, confirmou ao CM que o Citroën tinha seguro contra todos os riscos, mas reconheceu que este era um acidente insólito. “Já registei os sinais de trânsito que alertam para medidas de segurança, mas os condutores não olham para cima para ver se está algum avião a sobrevoá-lo. Os tribunais é que vão decidir as responsabilidades, segundo as leis da aviação”, referiu.
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