A edição de hoje
No dia do funeral de Natália de Sousa, advogados alertaram para os perigos da profissão.
Agarrado ao caixão de Natália de Sousa, e amparado pelo filho, o marido da advogada assassinada à paulada em Estremoz não escondia a dor e revolta pela morte violenta da mulher. Natália de Sousa, 50 anos, foi ontem a sepultar em Monção numa cerimónia carregada de emoção. O caixão esteve sempre coberto com a toga que a advogada usava em tribunal.
O homicida confessou ontem o crime ao juiz de instrução do Tribunal de Évora, num interrogatório que durou menos de duas horas. Francisco Borda d'Água, 52 anos, vai aguardar julgamento em prisão preventiva, num estabelecimento prisional da zona de Lisboa.
Na missa de corpo presente, o padre Salvador Fernandes dirigiu palavras de conforto à família, em especial aos pais da advogada, que há precisamente seis anos perderam outra filha. "São os pais quem mais precisa de conforto para enfrentarem a dor de perder mais uma filha em circunstâncias tão violentas", referiu o pároco durante a homilia.
Em Aveiro, cerca de uma centena de advogados, magistrados e funcionários judiciais da Comarca do Baixo Vouga reuniram-se à porta do tribunal para homenagear a advogada assassinada. O objetivo foi manifestar o repúdio pela morte de Natália de Sousa. Uma situação que preocupa Paulo Brandão, presidente da Comarca do Baixo Vouga, onde, segundo o juiz jubilado, ocorrem inúmeros casos de agressões e ameaças a advogados e magistrados, em particular àqueles que trabalham em processos de menores e de família.
"Eu próprio já tive de ser acompanhado durante vários meses por seguranças da PSP depois de ter sofrido uma tentativa de agressão e ameaças num julgamento de tráfico de droga", explicou o juiz Paulo Brandão.
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