Só na área da PSP houve no primeiro trimestre um aumento de 47% face a 2024. Pelo menos uma denúncia por dia.
A PSP recebeu, nos primeiros três meses do ano, 111 queixas de burlas com falsos acidentes de trânsito, o que representa uma média de uma por dia e um aumento de 47% comparativamente ao período homólogo de 2024, revelam dados oficiais a que o CM teve acesso.
O esquema consiste em burlões simularem que, em estacionamentos de supermercados, as vítimas ao volante, maioritariamente idosas, lhes dão ‘toques’ no carro, principalmente em manobras de marcha atrás. Solicitam pelo ‘dano’ uma compensação imediata em numerário, "utilizando manipulação, pressão psicológica ou intimidação". Chegam a perseguir os carros das vítimas, alarmando-as com "sinais luminosos, sonoros ou apenas por gestos" e levando-as "a imobilizar a viatura de forma a perceber o que se passa".
São mais raros, mas acontecem, casos em que o falso acidente 'é' um atropelamento. O burlão alega danos físicos ou materiais, como terem-lhe sido 'partidos' os óculos ou o telemóvel. Também nesta variante pressionam a vítima à entrega de dinheiro no momento, "sem necessidade de participação do acidente e sem a presença da autoridade policial, pois desta forma evitam acionar o seguro e tratam o assunto com maior celeridade", é alegado pelos criminosos.
A PSP alerta que, recentemente, começaram a surgir "algumas situações em que o autor apresenta à vítima um TPA (Terminal de Pagamento Automático), insistindo no pagamento imediato" com cartões bancários.
Em qualquer das variantes, e para gerar credibilidade, os burlões fingem dor ou mostram danos (que provocaram antecipadamente) em objetos ou no carro. "Quando se trata de danos em viatura, ainda junto da vítima, o suspeito simula um contacto telefónico de voz com uma oficina de reparação automóvel ou com uma operadora de comunicações, transmitindo o dano e fingindo receber um valor de orçamento, que, por sua vez, transmite à vítima", conta a PSP.
A PSP descreve que os burlões têm "características psicológicas e comportamentais específicas, tais como manipulação, falta de empatia e persuasão", que permitem "agir com destreza para enganar e surpreender a boa fé da sua potencial vítima". As vítimas, por sua vez, são normalmente pessoas idosas, vulneráveis quer pela idade, doença ou fragilidade económica, e acabam por ser coagidas a entregar quantias monetárias com o recurso à intimidação e ameaça física.
Das pessoas que apresentaram queixas na PSP, 68% têm mais de 80 anos; e 21% entre 70 a 79 anos. 59% são homens.
As denúncias chegadas à PSP desde 1 de janeiro de 2021 ascendem a 625 e têm vindo sempre a aumentar a cada ano. A Polícia assume que este ano exista um elevado aumento neste fenómeno criminal: só no primeiro trimestre, a PSP contabilizou já 111 ocorrências, o que corresponde a cerca de 58% do total das ocorrências registadas em todo o ano de 2024.
A PSP concluiu que o período preferencial para quem comete este tipo de crime acontece entre as 10h00 e as 16h00, de segunda a domingo, sendo locais privilegiados os parques de estacionamento de superfícies comerciais e vias com pouco fluxo de trânsito, normalmente não abrangendo sistema de videovigilância.
QUEIXAS POR ANO
2021 - 86
2022 - 109 (+27% face a 2021)
2023 - 129 (+18%)
2024 - 190 (+47%)
2025* - 111
* Até 31 de março
CONSELHOS DA PSP
- Não efetuar qualquer pagamento em numerário por situação que tem a certeza que não cometeu;
- Desconfiar de abordagens em que o autor assume o enredo descrito e pressiona insistentemente no pagamento em numerário de imediato;
- Desconfiar de abordagens em que o autor não quer acionar o seguro, nem contactar a Polícia, apenas pretendendo o pagamento em dinheiro, oferecendo-se para o acompanhar a caixa ATM;
- Não ceder o cartão bancário a desconhecidos, nem efetuar qualquer pagamento em TPA apresentado por desconhecidos;
- Contactar a PSP e solicitar a participação de acidente;
- Não efetuar qualquer pagamento sem antes contactar algum familiar ou amigo para expor a situação, pois assim poderá criar receio no autor do ilícito, levando-o a desistir e fugir;
- Quando verificar que está a ser seguido por outra viatura, que efetua sinais para encostar a sua viatura, preferencialmente não pare. Porém, se parar, não o faça em local ermo ou com pouco trânsito, dirigindo-se para um local que lhe seja familiar;
- Se estiver perante uma situação semelhante, tente reter o máximo de informação: características físicas do suspeito (idade, altura, indumentária, modo de falar, sotaque, sinais, tatuagens ou outras); nome por que se apresenta e contacto telefónico que forneça; características da viatura (cor, marca, modelo, matrícula).
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