"Ainda não está seguro. Tudo pode reacender outra vez", afirma um habitante.
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O fogo em Monchique foi dado como dominado esta manhã, mas ainda há quem não consiga descansar. Evangelista tem estado "sempre a pau", com o coração nas mãos, a ver se os reacendimentos não destroem o que lhe resta.
Têm sido dias difíceis para Evangelista de Oliveira, que teve de ir dividindo a atenção entre os medronhais que tem pela serra de Monchique (distrito de Faro, Algarve), a adega, umas casas de turismo rural e uma unidade de produção de enchidos tradicionais.
"Até ao momento, perdi 15 hectares de medronheiro, perto da Perna da Negra, que ardeu por completo. Até ao momento, nem sou dos mais afetados", diz à agência Lusa Evangelista de Oliveira, repetindo várias vezes a expressão "até ao momento".
Os 51 anos de idade levam-no a ser comedido nas palavras, explica, porque o fogo pode sempre pregar uma partida.
"Não consigo dar o balanço, porque ainda não está seguro. Tudo pode reacender outra vez", frisa, recordando os 30 hectares cheios de medronheiro que tem perto da Portela da Viúva, onde o vento acabou "por mandar as chamas para outro lado", quando estava a 100 ou 200 metros do medronhal.
Se tivesse chegado ao terreno, já estava preparado com o seu jipe e um tanque com 800 litros de água para apagar as chamas: "Era fácil, que o terreno está limpo e o medronheiro dá mais resistência às chamas".
Já na vila de Monchique, andou por trás da sua unidade de produção de enchidos, onde as chamas não chegaram, mas manteve-se atento "a dar conta das fagulhas que ali caíam", depois de se ter escondido da GNR para poder defender o que era seu.
E, pelo meio, foi falando com as pessoas que moram junto às suas casas de turismo rural, no meio da serra, para saber se o fogo lá chegava. "Aquilo lá é um perigo do caraças", frisa.
"Tenho estado sempre à tabela, sempre a pau", conta Evangelista, que na quinta-feira - numa altura em que as chamas cediam ao combate - ficou logo mais nervoso, quando teve de se ausentar para Odemira.
"Estive quatro ou cinco horas fora de Monchique e fiquei logo mais nervoso. Só estou bem em voltar logo e estar aqui por perto para fazer alguma coisa", conta.
Esta sexta-feira, com o incêndio dominado, já deu para descansar "qualquer coisa", mas está "sempre com o coração nas mãos".
"De um momento para o outro, pode começar outra vez. Não podemos dizer que estamos descansados. Não podemos, que isto, de um momento para outro, podem voltar logos os problemas", afirma.
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado esta sexta-feira de manhã, deflagrou no dia 3 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
A Proteção Civil atualizou o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram cerca de 27 mil hectares.
Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência direta do comandante nacional da Proteção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.
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