Autoridades investigam destino de 39 milhões atribuídos a 14 projetos.
Manuel Serrão e Júlio Magalhães alvo de buscas. PJ investiga desvio de mais de 50 milhões de euros no PRR
Manuel Serrão, empresário e comentador desportivo, é o principal suspeito. Visado na ‘Operação Maestro’, foi alvo, durante toda a manhã desta terça-feira, de múltiplas buscas. Na sua casa e nas suas empresas. O mesmo aconteceu com Júlio Magalhães: o até esta terça-feira pivô da TVI foi também visitado pelos inspetores da Polícia Judiciária. Estava nas instalações da Rádio Observador, onde também colabora, quando recebeu uma chamada. Ou regressava à casa que tem arrendada no centro de Lisboa ou a porta da mesma seria arrombada.
Em causa estão suspeitas dos crimes de abuso de poder, desvio na obtenção de subsídio, fraude fiscal e branqueamento de capitais. São quase 39 milhões de euros que terão sido desviados por empresas controladas por Manuel Serrão. Estão em causa 14 operações de financiamento aprovadas desde 2015.
Em duas destas empresas agora sob investigação, o jornalista Júlio Magalhães figura como sócio. A proximidade entre ambos é conhecida - e antiga -, tendo levado mesmo a que o jornalista tivesse há poucos anos adquirido a casa onde morava Manuel Serrão. Custou mais de meio milhão de euros.
Outro dos alvos é Nuno Mangas, o presidente do Compete 2020, programa criado para ajudar as empresas no período pós-pandemia e que atribuiu fundos europeus. Diz a PJ que não há dúvidas do comprometimento de funcionários de organismos públicos, que violaram os respetivos deveres funcionais e de reserva, na agilização e conformação dos procedimentos relacionados com as candidaturas, pedidos de pagamento e atividade de gestão de projetos cofinanciados.
Na operação desta terça-feira, que aconteceu em todo o País, houve ainda buscas em diversos gabinetes de contabilidade. Para já, segundo apurou o CM, não há detidos nem arguidos no âmbito deste processo, que está a cargo dos procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Em causa poderá estar uma estratégia do Ministério Público para evitar prazos apertados na investigação, assim como o levantamento do segredo interno dos autos.
PJ esteve mais de 12 horas nos escritórios de Serrão
Foram horas e horas de buscas. Mais de uma dezena de inspetores da Polícia Judiciária entravam esta terça-feira, às primeiras horas da manhã, nos escritórios de Manuel Serrão, em Matosinhos Sul. Em cinco carros, foram entrando e saindo dos escritórios, com malas e mochilas, carregadas de documentos e pastas. Foram mais de 12 horas de minuciosas buscas, nas quais se procuraram provas para consolidar a investigação em curso.
A prova documental, física e digital, foi a prioridade dos investigadores, que passaram a pente fino vários locais no Porto, mas também em Aveiro e Lisboa. As sedes de várias empresas foram vasculhadas, assim como residências dos suspeitos. A Manuel Serrão, em concreto, é atribuída a criação de empresas fictícias para falsificar e inflacionar despesas de milhões de euros na realização de eventos. O CM tentou esta terça-feira contactar Manuel Serrão para obter uma reação, mas sem sucesso.
Sabe o CM que o processo começou no Departamento e Investigação e Ação Penal do Porto, mas foi transferido para o DCIAP, em Lisboa.
Buscas na casa do presidente do Compete 2020
A casa de Nuno Mangas, presidente do Compete 2020, o programa responsável pela atribuição de fundos europeus, foi alvo de buscas. Os escritórios da sede da entidade pública, em Lisboa, também foram passados a pente fino por cerca de uma dezena de inspetores da PJ. Mangas não acompanhou as buscas e quando os investigadores chegaram ao local, por volta das 09h00, os escritórios estavam vazios. O Compete garantiu esta terça-feira uma “gestão rigorosa” dos fundos europeus e confirmou estar a colaborar.
Operação da PJ chama-se ‘Maestro’
O nome da operação da PJ nasce de uma coluna que Manuel Serrão assina no ‘Jornal T’, do qual é diretor e é apresentado como o “Maestro”. O jornal, propriedade da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, é financiado pelo Compete 2020.
PORMENORESquase 80 buscasA PJ executou 78 mandados de busca. A operação, a maior desde o início do ano, contou com cerca de 300 inspetores no terreno e duas dezenas de magistrados.Lesaram estadoA PJ diz que os esquemas de fraude que beneficiaram pessoas e empresas lesaram “os interesses financeiros da União Europeia e do Estado português”.funcionários“Da investigação em curso resultaram ainda fortes suspeitas do comprometimento de funcionários de organismos públicos”, acrescenta a PJ em comunicado.O que é o competeO Compete tem como objetivo reforçar a “capacidade de investimento das empresas, estimulando a competitividade da economia”. E TAMBÉM MAIOR OPERAÇÃODepois da megaoperação que envolveu 270 inspetores da Polícia Judiciária na Madeira, a Polícia Judiciária, liderada por Luís Neves, volta a bater um novo recorde. Foram 300 inspetores em 78 buscas em simultâneo, domiciliárias e não domiciliárias, e o segredo foi a palavra de ordem. Não houve fugas de informação. ComentadorManuel Serrão é comentador desportivo na CMTV, no programa ‘Pé em Riste’. Foi jornalista nos anos 80. Agora, é comentador afeto ao FC Porto. Suspende funçõesJúlio Magalhães suspendeu as funções de pivô na TVI. Em comunicado, o canal afirmou que o jornalista “comunicou à empresa a sua indisponibilidade para se apresentar ao trabalho” e acrescenta que o “entendimento é mútuo”.
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