Antigo ministro da Administração Interna foi absolvido de todos os crimes de que era acusado.
1 / 3
O ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo disse esta sexta-feira, após a decisão sobre o processo Vistos Gold, que o absolveu de quatro acusações, que o tribunal deu resposta às "canalhices" que lhe fizeram.
"O tribunal deu hoje resposta às canalhices que me fizeram ao longo de quatro anos", afirmou Miguel Macedo depois de ouvir o juiz presidente Francisco Henriques dizer que estava absolvido de três crimes de prevaricação de titular de cargo político e um crime de tráfico de influência.
O seu advogado considerou que a absolvição era "a consequência lógica e necessária da fraca produção de qualquer tipo de prova", e classificou a acusação do Ministério Público como "infundada e desprovida de factualidade consistente".
Miguel Macedo demitiu-se do cargo de ministro da Administração Interna do Governo PSD/CDS, em novembro de 2014, na sequência das imputações que lhe foram feitas pelo Ministério Público, considerando que a sua autoridade enquanto governante estava diminuída.
Para o advogado Castanheira Neves, Miguel Macedo foi "atingido por um vendaval desencadeado pela acusação", tendo ressalvado que "uma coisa é o procedimento não ter sido o mais correto do ponto de vista administrativo e outra era representar um ilícito penal".
"A montanha nem sequer um rato conseguiu parir", afirmou o advogado em relação à decisão do tribunal de absolver 16 dos 21 arguidos do processo Vistos Gold.
Por seu lado, Rogério Alves, advogado do ex-presidente do Instituto dos Registos e Notariado, considerou que a "montanha pariu um rato", alegando que, após a leitura do acórdão, o processo ficou igual a "zero".
O advogado lembrou que António Figueiredo chegou a estar preso preventivamente, foi julgado por uma "coleção" de 12 crimes, mas relativamente aos vistos gold e às ligações a Angola, "tudo desapareceu".
António Figueiredo foi acusado de viciar concursos para altos dirigentes da administração pública, via comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap), e utilizar o seu secretariado para fins privados.
Rogério Alves frisou que o processo ficou reduzido à condenação do seu cliente por corrupção, mas apenas em relação aos factos da Cresap, e por um crime de peculato de uso.
"Este processo acabou por se transformar num processo da Cresap. Isto é, ficou reduzido. Não houve branqueamento de capitais, nem corrupção nos vistos gold e nas ligações a Angola. Portanto, o processo foi caindo aos bocados até ficar este bocadinho".
O mandatário de António Figueiredo antigo presidente do Instituto dos Registos e Notariado disse não pretender, com estas afirmações, retirar gravidade aos crimes em causa, mas apenas salientar que o processo ficou reduzido de tal forma que a "montanha pariu um rato".
Rogério Alves referiu que o processo dos Vistos Gold surgiu com uma "aparência robusta", mas a "fragilidade" da prova foi evidente para o coletivo de juízes.
O advogado admitiu que o acórdão aludiu a "erros políticos, comportamentais e administrativos" de alguns dos arguidos, mas não deu como provada a maioria das incriminações atribuídas aos arguidos.
Quanto aos crimes de corrupção passiva e ativa pelos quais o antigo presidente do Instituto dos Registos e Notariado foi condenado (à semelhança da antiga secretária-geral do Ministério da Justiça Maria Antónia Anes), Rogério Alves admitiu que deverá recorrer da decisão, até porque o enquadramento daquele crime não lhe parece "adequado", mas adiantou que pretende, primeiro, ler o acórdão com toda a atenção.
Questionado sobre a leitura que faz dos comentários do juiz presidente, Francisco Henriques, de que o acórdão resultou da "verdade" apurada pelo tribunal, que o coletivo de juízes não sofreu pressões e "não faz fretes a ninguém", Rogério Alves sublinhou que o importante foi dizer que os tribunais "são impermeáveis" a qualquer tipo de pressões, dentro ou fora do sistema.
Um dos arguidos absolvidos no caso "Vistos Gold" foi Jarmela Palos, ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que, no final da sessão, defendeu ter sido feita justiça e afirmou continuar a acreditar no sistema judicial português.
Jarmela Palos, que chegou a estar em prisão preventiva, foi absolvido de um crime de corrupção passiva e dois de prevaricação, com o juiz a referir que "o tribunal não teve quaisquer dúvidas".
Questionado sobre se iria processar o Estado pelo facto de ter estado em prisão preventiva, Jarmela Palos disse que hoje não era o dia para pensar, apenas para celebrar "a alegria e satisfação com a justiça e com o presente e futuro".
O seu advogado, João Medeiros, elogiou o coletivo de juízes, dizendo que era "sério, honesto, trabalhador", referindo que "julgou sob os critérios da justiça" e que a absolvição de Jarmela Palos se deveu muito a uma "acusação com algumas deficiências", a juntar ao facto de "ser inocente".
No processo Vistos Gold o tribunal condenou Maria Antónia Anes, ex-secretária do Ministério da Justiça, a quatro anos e quatro meses de prisão, com pena suspensa, por corrupção ativa e passiva para a prática de ato ilícito, e o ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado António Figueiredo a quatro anos e seis meses, com pena suspensa, por corrupção passiva e ativa e peculato de uso.
António Figueiredo e Maria Antónia Anes foram ainda condenados à pena acessória de suspensão de funções públicas por um período de três anos, que terá em conta o tempo já cumprido.
Os empresários chineses Zhu Xiong e o Zhu Baoe foram condenados por tráfico de influências a 1.500 euros de multa.
O processo era formado por 21 arguidos que no total estavam pronunciados por 47 crimes económico-financeiros, tendo 16 deles sido absolvidos.
O processo referia-se a alegados favorecimentos para lucrar de forma ilícita com a atribuição de vistos gold, através de negócios imobiliários com empresários chineses que pretendiam obter autorização de residência para investimento.
Em causa estavam também alegados favorecimentos a uma empresa de Paulo Lalanda de Castro, ex-patrão da farmacêutica Octopharma, acusado de tráfico de influências, e ao grupo Bragaparques.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.