Antigo comandante da Unidade de Apoio Geral de Material do Exército revela que rotinas eram mantidas apesar da videovigilância estar inoperacional.
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Os procedimentos de segurança em Tancos não sofreram alterações, apesar de a videovigilância não funcionar, mantendo-se a norma de tirar e por a cassete de um gravador que não funcionava, revelou esta quarta-feira um tenente coronel do Exército.
João Luís de Sousa Pires, comandante da Unidade de Apoio Geral de Material do Exército (UAGME) de 2015 a 2016, no ano anterior ao furto do material, e que tem um destacamento em Tancos, foi ouvido na comissão de inquérito ao furto de material militar daqueles paióis.
O sistema de videovigilância aos paióis começou a funcionar com falhas em 2006, segundo afirmou, foi considerado inoperacional em 2012 e, um ano depois, em 2013, obsoleto.
Em 2016, foram alteradas as normas de procedimentos, mas o tenente coronel Sousa Pires explicou que não foram alteradas "porque se aguardava a reparação do sistema" de videovigilância e, quando tal acontecesse, era também substituído o anexo em que era referida necessidade de tirar e pôr a cassete vídeo.
Incrédulos com a explicação, e por duas vezes, a deputada do PS Maria da Luz Rosinha e o deputado do PSD Leonel Costa fizeram a pergunta para confirmar se, mesmo desligado, o sistema de videovigilância e a obrigação de tirar a cassete, continuava nas normas de procedimentos dos militares nas rondas que faziam aos paióis.
"Todos sabiam que aquilo não funcionava" e continuava a norma de "tirar e por a cassete?", questionou a deputada do PS.
Leonel Costa, do PSD, confessou, por seu lado, que lhe custava a "aceitar as respostas" dadas depois de ouvir que a norma se manteve, mesmo sabendo que o sistema não funcionava.
O tenente coronel Sousa Pires explicou, pelo menos por duas vezes, que as normas de procedimentos tinham "outras disposições" e que a parte da cassete estava no tal anexo.
Noutra audição da comissão parlamentar de inquérito, já outro militar, o coronel Teixeira Correia admitiu que os equipamentos de videovigilância eram incluídos nos planos de segurança, como se estivessem em perfeitas condições.
De resto, sobre os paióis de Tancos, Sousa Pires afirmou ter responsabilidade sobre os que pertenciam à UAGME, que eram 15, que não foram assaltados em junho de 2017, cujas chaves eram guardadas num cofre por um sargento da unidade.
Os restantes, incluindo os que foram assaltados, como os do Regimento de Engenharia 1, não eram da sua responsabilidade, disse.
O coronel João Luís de Sousa Pires, que já não era comandante da UAGME em junho de 2017, admitiu que o furto "não deveria ter acontecido" e o que afeta a imagem do Exército, mas evitou dar respostas mais especulativas.
Além do sistema de videovigilância e dos sensores, todas as anomalias detetadas em Tancos, como vedação alta ou falhas nos para-raios, foram comunicadas ao "escalão superior" e não foram resolvidas.
"Se a situação continuava a mesma...", admitiu o militar.
Nesta audição, a décima deste inquérito parlamentar, o deputado do PCP João Machado optou por não fazer qualquer pergunta.
O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos tem previstas audições a mais de 60 personalidades e entidades, vai decorrer até maio de 2019 e é prorrogável por mais 90 dias.
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