Em causa estão 30 crimes de tráfico de pessoas, crimes de auxílio à imigração ilegal, associação criminosa de auxílio à imigração ilegal e branqueamento de capitais, entre outros.
O Ministério Público pediu esta segunda-feira a condenação de oito das pessoas em julgamento em Beja por crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e associação criminosa, pela alegada exploração de imigrantes no Alentejo.
Na sessão realizada na manhã desta segunda-feira, o coletivo de juízes do Tribunal de Beja que está a julgar o caso começou a ouvir as alegações finais, que arrancaram com a posição do Ministério Público (MP).
Este é um dos processos resultantes da denominada "Operação Espelho", desenvolvida pela Polícia Judiciária em novembro de 2023, relacionada com a alegada exploração de dezenas de trabalhadores imigrantes em herdades agrícolas no Alentejo.
Um total de 20 arguidos, dos quais 13 pessoas e sete empresas, foi pronunciado para o julgamento, que arrancou no dia 20 de outubro e está a decorrer nas instalações da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), em Beja.
Em causa estão 30 crimes de tráfico de pessoas, crimes de auxílio à imigração ilegal, associação criminosa de auxílio à imigração ilegal e branqueamento de capitais, entre outros.
Nas alegações finais, a procuradora do MP considerou que não foi feita prova suficiente em relação a dois dos arguidos, um espanhol e um romeno, e pediu a sua absolvição, tal como a das empresas de que cada um era proprietário.
Já entre as oito pessoas que o Ministério Público considerou que devem ser condenadas, seis são naturais da Roménia, uma da Moldova e a outra de Portugal.
Na sua intervenção, a procuradora argumentou que os depoimentos para memória futura das vítimas foram espontâneos e coerentes, enquanto as declarações dos arguidos no primeiro interrogatório judicial -- não falaram no julgamento -- revelaram ser contraditórias e evasivas.
No julgamento ficou provado o que consta da acusação, considerando a prova documental, como mensagens de telemóveis, conversas telefónicas e relatórios periciais, entre outros elementos, disse a procuradora.
Para a procuradora, os arguidos praticaram crimes que geram "sentimento de repulsa" e agiram com "dolo direto", de forma continuada, concertada e organizada, criando sociedades para dar aparência de legalidade à atividade criminosa, da qual retiraram proveitos económicos.
As vítimas eram trazidas para Portugal e ficavam ilegais, sob ameaça e com os documentos na posse dos arguidos, tendo mesmo "passado fome e sido obrigadas a mendigar", afirmou, questionando: "Se isto não é tráfico de pessoas é o quê?".
Ao longo do julgamento, alguns arguidos "saíram do processo" para "serem julgados em separado", indicou à Lusa um dos advogados, Pedro Pestana, sem precisar quantos.
O processo envolve perto de uma dezena de advogados, tendo já começado esta parte das alegações finais, que vai prosseguir durante a tarde.
Segundo o MP, o arguido apontado como cabecilha da suposta rede criminosa terá, pelo menos desde 2019, desenvolvido um plano em que aliciava pessoas da Roménia, Moldova, Colômbia, Marrocos e Peru, entre outros países, para trabalhar na agricultura em Portugal, em várias zonas do Alentejo e Lisboa, e em Espanha.
Para tal, de acordo com o MP, criou relações profissionais com explorações agrícolas para colocar a mão-de-obra que angariava, com o presumível envolvimento de familiares e conhecidos nessa estrutura organizativa.
Para o MP, a alegada atividade criminosa terá continuado até 2023 e a rede quis "alcançar o máximo lucro independentemente das condições de trabalho e de pagamento a esses cidadãos estrangeiros", que supostamente teriam de subjugar-se a tudo o que era ordenado, sob pena de poderem ser agredidos pelos arguidos.
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