A edição de hoje
Um aluimento de terras no Bairro da Liberdade, na freguesia de Campolide, Lisboa, provocou ontem a abertura de um buraco com dez metros de diâmetro e dez de profundidade. Na origem do problema esteve uma rotura no caneiro subterrâneo de Alcântara, à semelhança do que aconteceu a 25 de Novembro, quando outra cratera, aberta junto à estação ferroviária de Campolide, 'engoliu' um autocarro de passageiros.
Segundo fonte da Protecção Civil de Lisboa, os primeiros sinais do abatimento, localizado nas traseiras de uns prédios de habitação social da Rua C, do Bairro da Liberdade, começaram a surgir pelas 02h00 de ontem. No entanto, só ao início da manhã é que os moradores da zona se começaram a aperceber da dimensão da cratera.
"De manhã, quando espreitámos pela janela, já o buraco estava com cerca de cinco ou seis metros de diâmetro, suficiente para ver a correr a água do caneiro de Alcântara", explicou ao CM José Cunha, morador no 6.º andar de um prédio frontal ao local do abatimento de terras.
Chamados ao local, Protecção Civil e Bombeiros Sapadores assistiram ao alargamento do buraco, que depressa chegou aos dez metros de diâmetro e aos dez de profundidade.
ZONA VEDADA
Este facto obrigou a que fosse criado um perímetro de segurança em redor da zona afectada, tendo as autoridades ordenado a remoção de cerca de 40 carros que se encontravam estacionados.
Quase de imediato, começaram a correr, de boca em boca, referências ao sucedido, a 25 de Novembro, nas imediações da estação ferroviária de Campolide. "Nesse dia foi um autocarro que caiu no buraco. Agora aconteceu perto das nossas casas, e já temos medo de lá voltar. Pensamos que, qualquer dia, Campolide vai mesmo abater", referiu, receosa, uma moradora do Bairro da Liberdade.
No entanto, o responsável da protecção civil municipal de Lisboa é lesto em afastar essa possibilidade. Contactado pelo CM, Álvaro de Castro atribuiu as responsabilidades do sucedido a uma rotura no Caneiro de Alcântara. "Apesar de a causa ter sido a mesma, a rotura que motivou este abatimento aconteceu noutra secção do caneiro, oposta à que provocou o buraco junto à estação de Campolide", explicou o responsável.
As obras de reparação do buraco que ontem se formou no Bairro da Liberdade começarão, segundo Álvaro de Castro, durante esta semana, estando prevista, também para breve, uma acção mais alargada de inspecção ao Caneiro de Alcântara, que será efectuada por técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
OBRAS AINDA DECORREM PARA TAPAR BURACO QUE 'ENGOLIU' AUTOCARRO
A cratera que há cerca de três semanas engoliu um autocarro de passageiros, na zona de Campolide, continua por fechar - ontem à tarde ainda decorriam obras na zona - e a provocar alguma dificuldade na circulação rodoviária.
A imagem registada por muitos fotógrafos na manhã do dia 25 de Novembro, em Campolide, Lisboa, correu mundo e foi publicada em jornais de Inglaterra ao Canadá: um autocarro de passageiros com a parte da frente 'escondida' num buraco com 15 metros de profundidade e sete de diâmetro. O asfalto abateu pelas 06h30, o autocarro foi atrás, mas não houve vítimas. Nesse instante, o motorista do autocarro - que estava vazio e a instantes de começar os serviços alternativos à greve da Carris - tinha saído para fazer um telefonema. Ao regressar, deparou-se com o cenário que, pouco tempo depois, levou a Campolide técnicos da Câmara Municipal de Lisboa e responsáveis da Protecção Civil, que, numa primeira análise, atribuíram o acidente à ruptura de uma conduta de água.
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