Paulo Nogueira confessou que controlava a vítima através de um aparelho que lhe instalou no carro.
“Peguei na arma e dei-lhe dois tiros”, diz homem acusado de matar ex-namorada no Porto
Paulo Nogueira, de 51 anos, acusado de matar com dois tiros de caçadeira, Sónia Marisa Escobar, de 48, a 8 de julho do ano passado, em Paranhos, no Porto, explicou ao tribunal de São João Novo, que colocou um aparelho GPS no carro da vítima, um Peugeot 207, para a controlar. “O carro dela avariou nessa altura e ela ligou-me para arranjar mecânico. E eu mandei meter o aparelho para ver se era verdade o que ela me andava a dizer. Depois percebi que ela dizia-me que estava em casa ou na loja, mas o carro estava em Valongo. Queria ver onde ela estava. Via tudo no telemóvel através do aparelho que uma empresa instalou. Ela não sabia que o aparelho estava ali. Nunca lhe disse. Por dia eu fiscalizava o GPS umas 20 ou 30 vezes”, revelou.
Paulo Nogueira diz que a relação com Sónia nunca chegou ao fim - mas a acusação indica que tinham terminado em novembro de 2023. “Conheci-a em novembro de 2018 num serviço de acompanhantes e encontramo-nos nessa noite num hotel. Em janeiro de 2019 começámos a namorar oficialmente. Ela dizia que queria uma vida comigo. Nunca terminámos o namoro. Eu disse várias vezes que queria terminar por ela andar com outros homens. Ela pedia sempre desculpa e disse-me: ‘não vamos estragar uma coisa que temos tão bonita um com o outro’ e pediu para continuarmos”, explicou ao coletivo.
O arguido, que está em preventiva, confessou ainda que matou Sónia. Paulo ficou com voz embargada ao recordar esse momento.
“Vi que o carro estava estacionado numas bombas em Canelas [Gaia]. Pedi a carrinha emprestada a um amigo e vi-a chegar com um homem. Quando me viu, ela arrancou. Depois vi no GPS que ela estava na loja. As luzes estavam apagadas. Parti o vidro com uma chave de bocas. Enfiei a cabeça para dentro para abrir a porta. Ela gritou: ‘Paulo’. E não sei o que me passou pela cabeça, fui ao carro e peguei na arma. Voltei e dei-lhe dois tiros. Era uma caçadeira do meu pai e eu tinha-a para consertar o gatilho que às vezes prendia. Entrei pelo buraco da porta. E disparei. Ela nem falou. Acertei-lhe, pois ela caiu logo ao chão. Fiquei atrapalhado sem saber o que fazer”, assumiu. Depois saiu do local e ligou ao irmão de Sónia. “Disse-lhe que tinha disparado mas que não sabia se a tinha matado. Falei ainda com uma cunhada dela e indiquei que tinha disparado contra a Marisa. Em casa contei à minha mãe o que tinha feito, ela começou logo a chorar. Fui tomar banho e fui-me entregar à polícia. Nisto o meu irmão chega lá e diz: ‘destruíste a tua vida’. Depois fui a pé ao posto da GNR”.
O Ministério Público diz que Paulo agiu louco de ciúmes. O arguido indica que a relação já não andava bem. “Havia coisas que não estavam bem, o comportamento dela não era igual. Ela andava-me a evitar. Uma vez eu fui ter com ela. Até me coloquei à frente do carro e ela quase me atropelava. Ela estava com um homem. Mas ela disse que não queria falar comigo. Depois eu liguei-lhe e ela atendeu à segunda vez. Diz que falava comigo outro dia. Outro dia fui lá para terminar com ela mas ela disse que não e ficou tudo bem. Ela chegou a pedir-me desculpa por andar com outros homens e ficamos bem. Eu quis terminar várias vezes mas ela não queria. Eu gostava dela e queria que tudo ficasse bem”, referiu.
“Não sei explicar porque fiz isto. Matei-a. Eu sei que não há desculpa para isto. Nunca pensei fazer uma coisa destas. Estou muito arrependido”, explicou o arguido aos juizes.
Paulo revelou que Sónia combinava estar com ele, mas que depois acabava por desmarcar os encontros. “Chegou a dizer-me que tinha encomenda atrasada e não podia ir ter comigo. E vi no GPS que o carro estava no estádio do Dragão. E fui lá e ela chegou com um homem. Liguei-lhe e ela atendeu. Disse-lhe que ia num carro atrás dela e que nem podia acreditar naquilo que estava a ver. Ela disse: ‘a gente depois fala’. Isto no dia 7 de julho. Ela começou a contactar menos comigo em março de 2024. Perguntei se se passava alguma coisa e ela disse que isso era da minha cabeça”, revelou.
Paulo chegou a pedir ajuda a uma taróloga para o ajudar a saber porque Sónia se andava a distanciar dele. “Queria saber o que se passava com ela, foi só isso”.
O arguido está acusado de homicídio qualificado. Sónia deixou um filho que, na altura do crime, tinha apenas 11 anos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.