Dados mostram que os femicídios e as tentativas de femicídio continuam sem abrandar em Portugal. Houve ainda 50 tentativas de assassinato.
Pelo menos 24 mulheres foram assassinadas em Portugal este ano até 15 de novembro, das quais 21 como resultado de violência de género (femicídio), segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).
De acordo com o relatório preliminar apresentado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), que se baseia em dados publicados pela comunicação social ao longo do ano, das 24 mulheres mortas, dentro dos femicídios houve 16 casos nas relações de intimidade e cinco em contexto familiar, e nos restantes três casos um deveu-se a discussão pontual, outro em contexto familiar e o terceiro em outro contexto.
O documento relata ainda 50 tentativas de assassinato, das quais 40 de femicídio (38 em relações de intimidade e duas em contexto familiar) e 10 tentativas de assassinato (quatro em contexto familiar, quatro em discussão pontual, uma noutro contexto e outra em contexto omisso).
"Os dados de 2025 denotam que os femicídios e as tentativas de femicídio continuam sem abrandar em Portugal", disse, em conferência de imprensa, Cátia Pontedeira, investigadora do OMA, denunciando que "continuam, em 2025, a existir sucessivos atentados contra mulheres pela razão de serem mulheres e decorrentes de razões de violência prévia, muitas vezes opressão e controlo".
A investigadora salientou que "em 2025 as mulheres continuam sem estar seguras em nenhum espaço", como "na via pública, nos parques de estacionamento, nos seus locais de trabalho, nos hospitais, nas casas que partilham com companheiros íntimos e até nas suas próprias casas".
"Em 2025, em todas as circunstâncias de femicídios e tentativas de femicídios, estamos a falar de homens que atacam mulheres. Em todas estas situações não é possível determinar um perfil único", sendo "crianças, mulheres jovens e mulheres mais velhas", sendo os ofensores desde jovens a adultos e mais velhos.
Cátia Pontedeira apontou também à atuação da justiça, lembrando que continua a haver ofensores "que são deixados em liberdade com medidas de coação sem ser prisão preventiva".
Já Maria José Magalhães, outra investigadora do OMA, considerou que "o Estado português falhou redondamente", pois continua a haver "mulheres assassinadas mesmo tendo apresentado denúncia às autoridades", considerando que há "uma negligência [...] do Estado em relação às vidas das mulheres".
Questionada sobre o facto de todos os agressores identificados serem todos homens, a investigadora considerou que é "uma questão cultural", sendo necessário "trabalhar as masculinidades", com "intervenção regular que seja capaz de mudar comportamentos, sentimentos, atitudes, perceções, representações".
"Precisamos de intervir junto dos meninos e junto dos rapazes para que eles percebam que não precisam de usar a violência para serem homens. Não precisam de humilhar ou atacar alguém para se sentirem homens", vincou.
Frederica Armada, outra das autoras do relatório, lembrou que muitas vezes "o final de uma relação não dita o final da violência", havendo 10 casos de femicídios em casos de intimidade presente e seis de intimidade passada, sendo que em oito dos casos as vítimas tinham filhos, quatro deles crianças.
Já Camila Iglesias, outra investigadora da OMA, que abordou os casos de tentativa de femicídio, assinalou que os números do relatório visam apenas as situações noticiadas pela comunicação social em que há "um objetivo claro de matar", sendo "um mínimo verificável" e podendo haver mais casos.
Da parte do Estado, o vice-presidente da Comissão para a Igualdade de Género Manuel Albano referiu que os dados "são preocupantes mas importantes", defendendo que têm sido desenvolvidos esforços, nomeadamente "no apoio às estruturas para que possam estar presentes", como a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica.
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