A imagem de um menino a abrir os olhos quando foi submetido a manobras de reanimação vai ficar por muitos anos na memória de Paulo Gomes, um dos nadadores salvadores envolvidos nas operações de socorro no acidente que terça-feira vitimou um emigrante de 47 anos e o filho, de cinco, na Barragem de Vilar, em Moimenta da Beira.
“Vi-o quase morto nos meus braços, mas consegui ter forças para fazer a reanimação. Apesar da desgraça, foi gratificante poder vê-lo ressuscitar!”, contou ontem o vigilante.
Leonardo Varela, de quatro anos, foi encontrado a boiar, de barriga para baixo, por um casal que passeava numa gaivota. Por coincidência, Paulo Gomes estava perto: “Parece que foi Deus. Tinha ido dar uma volta numa gaivota e dei com o casal apavorado, a tentar retirar a criança da água”.
O nadador salvador pegou no menino, iniciou a reanimação e já na margem do rio Távora viu o esforço compensado. “Ele abriu os olhos e foi como se tivesse nascido uma alma nova”, explicou. Leonardo Varela foi transportado para o Hospital de Viseu, ficou em observações toda a noite e ontem de manhã recebeu alta.
Enquanto procedia ao salvamento, Paulo Gomes lembra-se de ouvir Dani Portinha – uma das três crianças que esteve em perigo – a gritar: “O meu pai está lá dentro! O meu pai está lá dentro!”.
João Campos e o filho Alex Portinha tinham desaparecido nas águas da barragem. Os corpos foram encontrados às 23h10 de terça-feira, a 15 metros da margem. Estavam a 2,5 metros de profundidade e distantes dois metros um do outro.
Entretanto, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Moimenta da Beira, José Requeijo, não confirmou a informação posta a circular na região de que o emigrante, de férias em Portugal, não saberia nadar, pelo menos muito bem.
A Câmara de Moimenta esteve reunida ontem e deverá anunciar em breve novas medidas para reforço da vigilância na barragem. Os cadáveres do pai e do filho serão autopsiados hoje, em Viseu.
"PUXEI O MEU PRIMO PARA FORA"
Dani Campos Portinha perdeu o pai e o irmão, mas ajudou a salvar o primo, Alexandre Costa, de seis anos. “Puxei o meu primo para fora da água”, contou ontem o menor, na presença de familiares. Segundo Lucília Campos Nunes, cunhada da vítima mortal, as famílias costumam juntar-se todos os anos para fazerem férias. Este ano, em vez de irem para as praias, resolveram ficar pela zona da barragem. João Campos estava emigrado em Lausanne, na Suíça, e tinha residência em Santo Estêvão, Forca, concelho de Sernancelhe. Na terça-feira, tinha ido com dois filhos, um primo e um amigo dos filhos à barragem. As crianças entraram na água para ir buscar uma bola e ficaram em dificuldades. Na tentativa de salvar o filho, o emigrante acabou por morrer também afogado. Apesar das placas de sinalização indicarem que o espelho de água onde ocorreram os afogamentos é uma praia fluvial, o presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, José Agostinho Correia, esclarece que a zona é apenas um “local de lazer”, onde foram colocados equipamentos. Para o autarca, o facto de João Campos estar sozinho com quatro crianças pequenas junto da água é “negligência” e “facilitismo”.
ALQUEVA
Um homem de 46 anos morreu afogado em Janeiro deste ano, na barragem do Alqueva, Reguengos de Monsaraz, ao tentar apanhar um pato que tinha sido morto por caçadores. A vítima mergulhou e já não regressou à superfície.
TORRÃO
A tentativa de empurrar um barco insuflável para a água foi fatal para um homem de 34 anos, em Agosto de 2006. O homem queria ajudar os filhos, mas como não sabia nadar, afogou-se nas águas da barragem do Torrão, no Porto.
LANHOSO
Um homem de 30 anos e a filha, de 7, morreram afogados, em Julho do ano passado, no rio Ave, em Taíde, Póvoa de Lanhoso. A menina caiu à água depois de escorregar numa pedra e o pai tentou salvá-la. Como não sabiam nadar, acabaram por afogar-se os dois, numa zona do rio com mais profundidade.
- 146 operações de salvamento foram efectuadas nas praias costeiras portuguesas só durante o mês de Julho, segundo dados divulgados ontem pela Marinha.
- 7 pessoas morreram nas praias, durante o meses de Junho e Julho. Dois dos acidentes ocorreram em praias vigiadas e os outros cinco em praias sem vigilância.
MENOS MORTES
Em comparação com o ano passado, este ano há a registar menos duas mortes em praias vigiadas e menos quatro em praias não vigiadas.
SILÊNCIO
A morte por afogamento é rápida e silenciosa. Uma criança não grita nem esbraceja quando cai na água, segundo a Associação para a Promoção Infantil (APSI).
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