"Esticas-te um bocado ao telefone, não esticas?", perguntava o actual comandante da GNR de Paços de Ferreira – à data militar do posto de Lousada – ao amigo Francisco Alves, dono de um restaurante. Os objectivos dos telefonemas eram claros: o comerciante queria saber se decorria em Paços de Ferreira uma fiscalização da ASAE ou então – como no telefonema a 12 de Dezembro de 2006 – o que podia fazer para evitar a fiscalização da Segurança Social.<br/>
O sargento Eduardo Espírito Santo acalmava sempre os amigos. Aceitava jantares – 'terça é um bom dia, que ninguém desconfia' – e prometia tratar de tudo. Dava até conselhos aos arguidos para que os processos não tivessem prova: 'Chegas lá e não falas!'
O juiz de instrução não teve dúvidas de que o seu comportamento configurava a prática de crimes. Vai ser julgado no próximo dia 30 por 11 suspeitas de corrupção passiva, abuso de poder e violação de segredo.
No despacho de pronúncia, a que o CM teve acesso, são muitas as situações em análise. Outro exemplo é o mandado de detenção que recaía sobre um indivíduo conhecido como ‘Testas’. A ordem de prisão chegou ao posto de Lousada em Março de 2003 e o juiz, que ouviu as escutas telefónicas, não teve dúvidas: Eduardo Espírito Santo avisou o amigo e dois anos depois, embora tivesse feito uma acção de fiscalização à estalagem que aquele explorava, fez questão de não o prender.
Diz ainda a pronúncia que o actual comandante da GNR tentava sempre intervir em toda a linha. Ao ponto de, em Julho de 2007, quando contactado por um amigo por causa de um acidente de viação onde o condutor tinha fugido do local, ter garantido: 'Vou fazer o possível para o safar.'
'Sabia que não lhe era permitido aceitar vantagens (...), sabia que estava a abusar dos deveres inerentes à função (...), sabia que não lhe era permitido reter mandados', conclui o juiz.
'QUALQUER COISA ESPECIAL, EU LIGO-LHE'
Augusto Silva e Fernando Marinho são também militares da GNR e vão ser julgados no mesmo processo. O primeiro trabalhava no posto de Penafiel, o segundo exercia funções em Vila Meã. Augusto responderá por dois crimes (violação de segredo e corrupção), o colega foi pronunciado apenas por corrupção passiva. Em causa volta a estar a estalagem do homem conhecido como ‘Testas’. Alvo de um mandado de detenção que ninguém cumpria, sabia ainda antecipadamente quando as autoridades faziam rusgas às casas de alterne. 'Qualquer coisa especial eu ligo-lhe', garantia o amigo Augusto, enquanto Fernando era também contactado pelo mesmo empresário para saber da 'agenda' da polícia. O resultado dos avisos era o óbvio. Por exemplo, uma acção ocorrida em Maio de 2005 encontrou a casa fechada.
COMANDANTE GARANTE QUE ESTÁ INOCENTE
O sargento Eduardo Espírito Santo, actual comandante da GNR de Paços de Ferreira, não contestou a acusação pública. Mas ao CM garantiu estar inocente e convencido de que será absolvido no julgamento. 'Nunca fui corrupto, foi tudo um mal-entendido', assegurou, enquanto explicava ter cumprido os mandados de detenção. 'Fui apanhado nessa história por causa do tal ‘Testas’, que estava sob escuta. Quando soube quem era prendi--o', lembra, enquanto desmente as datas constantes da pronúncia. 'Posso provar que soube dos mandados numa sexta-feira e na quarta prendi o homem.'
PORMENORES
FAVORES SEXUAIS
Um dos militares não pronunciado usou favores sexuais de uma prostituta. Mas depois pagou a conta, embora o MP lembrasse que só o fez porque o dono da casa tinha saído.
PROCESSO PENDENTE
Os militares da GNR têm processos disciplinares pendentes. Aguardam pela decisão da justiça.
ADVOGADO ILIBADO
Um advogado foi acusado e não pronunciado por as escutas terem incidido nas suas conversas com um cliente.
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