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Travesti morto em contentor

Um homem foi encontrado morto, ontem de manhã, num contentor de entulho junto à Estrada Nacional 250, em Loures. O indivíduo estava vestido de mulher: tratava-se de um travesti que frequentava a zona do Conde de Redondo, em Lisboa.

29 de fevereiro de 2008 às 11:00

O corpo foi descoberto por um funcionário da Resotrans – Recolha e Transporte de Resíduos Sólidos, quando este chegou à empresa que está situada num terreno descampado junto á Estrada Nacional 250 (Estrada Loures-Montemor).

Eram 07h17 e o funcionário, depois de ver o corpo num dos vários contentores de entulho, resolveu deslocar-se à PSP, esquadra de Loures, e alertar as autoridades que, de imediato, acorreram ao local.

Apercebendo-se de que se tratava de um homicídio, vedaram a zona e chamaram a Polícia Judiciária, que, ao final da tarde de ontem, ainda não sabia a identidade da vítima.

“Ela não tinha documentos”, adiantou ao CM uma fonte da PJ, reafirmando que se trata do cadáver de um homem – a PSP anunciou que se tratava de uma mulher – e que ainda não estão identificadas as causas e as circunstâncias que levaram à sua morte.

O corpo, que tinha algumas mazelas – marcas de agressão –, vai ser autopsiado.

Encontrada dentro de um contentor, em Loures, a vítima terá sido morta noutro local e o corpo transportado até ali. “Pelo menos é o que se pode concluir através dos vestígios encontrados no local”, adiantou ao CM fonte policial. No transporte da vítima terá sido usada uma viatura – o local é descampado.

E para depositarem o corpo no contentor os agressores não terão tido grande trabalho, uma vez que os terrenos da empresa não estão vedados na totalidade, ou seja, facilmente qualquer pessoa acede aos contentores e deposita neles o que quiser.

Contactados pelo CM, responsáveis da Resotrans recusaram prestar esclarecimentos. Confirmaram, no entanto, que o corpo foi encontrado por um funcionário, que este se deslocou à esquadra para alertar as autoridades e que se tratava do cadáver de um homem: “Pelo menos assim me pareceu”, sublinhou um dos funcionários.

Fonte policial garantiu ainda ao CM que se tratará de um travesti da zona do Conde de Redondo, em Lisboa.

EXTORSÃO POR DETRÁS DOS CRIMES

O negócio dos travestis em Lisboa, e mais concretamente na zona do Conde Redondo, é grande parte das vezes “controlado por terceiros”, explicam fontes policiais ao CM. Acabam vítimas de “extorsão” em troca de promessas de protecção, à semelhança do que acontece noutras zonas da capital com a prostituição feminina. E o não cumprimento das regras implica agressões e outros castigos. As equipas de investigação criminal da PSP têm alguns destes controladores referenciados, apurou o CM, e em determinada altura já chegaram a avançar para detenções. Alguns também são travestis, caras conhecidas da polícia por pararem à noite entre as avenidas Conde Redondo, Duque de Loulé e Luciano Cordeiro, principalmente. Já foram noticiados vários casos de crimes contra travestis – e o último foi dia 4 deste mês, a noite em que ‘Alex’ (nome fictício) foi baleado entre a anca e as nádegas no local onde habitualmente ‘atacava’, na rua da Alcolena, junto às piscinas do Belenenses, em Belém. O jovem de 28 anos foi atingido por alguém que passou de carro e se pôs em fuga. Em apenas duas semanas de Março do ano passado, quatro travestis foram agredidos, ameaçados com armas, sequestrados, roubados e deixados nus em Lisboa.

MUDAR DE NOME

Lamentando a violência contra os travestis, António Serzedelo, presidente da Opus Gay, já desafiou o Governo a aprovar uma lei da identidade de género, tal como aconteceu em Espanha. Esta lei permite que um transexual mude de identidade nos seus dados pessoais sem ter que se submeter a cirurgias de mudança de sexo. Ou seja, para a Opus Gay esta lei contribui para combater a exclusão social do transexual.

GISBERTA

Há dois anos, a transexual Gisberta foi atirada ainda viva para um poço por um grupo de adolescentes que durante uma semana a agrediram violentamente no interior de um prédio abandonado, no centro do Porto. A causa da morte foi afogamento.

JULGAMENTO

Apenas um dos 14 jovens envolvidos na morte de Gisberta está a ser julgado, porque já tinha 16 anos à data dos factos. Está acusado de três crimes de ofensa à integridade física qualificada e um de omissão de auxílio.

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