A Polícia Judiciária (PJ) decidiu colocar sob escuta o telemóvel de Armando Vara, após o almoço em Vinhais, onde Manuel Godinho, o principal arguido no processo 'Face Oculta', ofereceu uma caixa de robalos ao ex-ministro socialista.
A informação foi avançada esta sexta-feira pelo inspector da PJ, Rui Carvalho, que está a ser ouvido como testemunha de acusação no julgamento que vai na terceira semana de audiências no Tribunal de Aveiro. Rui Carvalho, que foi o inspector da PJ responsável pela investigação do caso, disse que o referido almoço, que aconteceu a 7 Fevereiro de 2009, surgiu "sem que houvesse nenhuma comunicação", um facto que foi notado como "pouco normal" pelo inspector. Mais tarde, a PJ veio a detectar que Manuel Godinho, que se encontrava sob escuta desde Janeiro de 2009, tinha um "telefone especial" para comunicar com Armando Vara.
Outro elemento que chamou a atenção do inspector da PJ foi que, nesse mesmo dia, após o almoço, durante uma conversa telefónica com Maribel Rodrigues, funcionária do sucateiro e co-arguida no processo, Manuel Godinho disse que "tinha medo".
O inspector Rui Carvalho chamou ainda a atenção para um terceiro aspecto que foi uma conversa telefónica que ocorreu uns dias mais tarde entre Manuel Godinho e Paulo Penedos, onde o sucateiro "associa" o almoço com Armando Vara com "arranjar trabalho". O inspector da PJ referiu-se ainda ao episódio dos robalos como uma "parte folclórica" deste conjunto de conversas. "Não foi isso que nos chamou a atenção", afirmou.
Questionado pelo procurador do Ministério Público, Marques Vidal, o inspector da PJ explicou ainda que este processo nasceu em Outubro de 2008, com base em elementos recolhidos durante buscas realizadas no âmbito de um processo de crimes de fraude fiscal.
Rui Carvalho deu ainda conta de várias diligências que foram efectuadas durante as investigações, nomeadamente as buscas realizadas às empresas e residências de Manuel Godinho.
Durante essas buscas, segundo o mesmo responsável, foram detectadas três pastas que estavam num cofre nas instalações da 'SCI' - empresa de Manuel Godinho - com cópias de cheques e com "anotações" sobre as contas particulares do sucateiro.
O inspector da PJ referiu que estes documentos tinham várias referências quanto aos destinatários dos cheques, tais como "cheque para político", "cheque CDS", "cheque Narana Coissoró", "empréstimo ao sargento Soares" e "cheque Mário Pinho", entre outros.
Na mesma data, foram realizadas buscas nas instalações da 'O2' em Ovar - outra empresa de Manuel Godinho - tendo sido apreendidas duas pastas com uma "listagem extensa" de nomes de pessoas a quem deviam ser entregues presentes.
"As pessoas que vêm mencionadas abarcam quase todas as áreas, desde a fiscalização à área de concessão de licenças de alvarás", afirmou o inspector, dando como exemplo o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR, Finanças, Direcção Regional de Economia do Centro, Direcção Regional do Ambiente e várias autarquias.
Na lista, constavam ainda nomes de pessoas ligadas a empresas públicas e privadas com quem as empresas de Manuel Godinho tinham relações comerciais, nomeadamente a Refer, REN, CP, EP, EMEF, Portucel, Petrogal, Estaleiros Navais de Viana do Castelo e Lisnave. O caso Face Oculta está relacionado com uma alegada rede de corrupção que tinha como objectivo o favorecimento de um grupo empresarial de Ovar ligado ao ramo das sucatas nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas.
No banco dos réus estão sentados 36 arguidos (34 pessoas e duas empresas) que respondem por centenas de crimes de burla, branqueamento de capitais, corrupção e tráfico de influências.
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