Sida alastra nas pessoas mais velhas

Há mais casos de infetados com 50 anos ou mais.

28 de novembro de 2015 às 01:00
idades, preservativos, sida, doenças sexualmente transmisíveis, sexo, sexual Foto: Getty Images
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A sexualidade não termina com a reforma ou quando se entra na terceira idade. Por isso, o uso do preservativo ainda é o meio eficaz de prevenir a infeção." Palavras do infeciologista Vítor Duque, a propósito do aumento do número de infetados com VIH/Sida entre a população com 50 anos ou mais.

O médico tem a perceção de que este aumento se deve "a uma modificação de comportamentos sexuais". "Há um maior acesso ao sexo. Comportamento heterossexual promíscuo [prostituição; outros parceiros] e não protegido. E uma maior disponibilidade de ofertas: através da internet [sites de encontros] ou de outros meios de informação [redes sociais; anúncios]", considera o especialista, que, neste contexto, aconselha os seus doentes a "evitar o sexo não protegido".

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A doença deixou de ser mortal, mas para muitos é uma sentença de morte, motivo de depressão ou de isolamento. "Há quem tenha tentado ou pensado em suicídio após o diagnóstico", conta a psicóloga Filomena Aguiar. É o caso de Celeste (nome fictício), 65 anos, que ficou destroçada quando soube ser portadora do VIH. Teve uma pneumonia, uma das doenças "oportunistas" que surgem quando o sistema imunitário está fragilizado. A reformada vive com a angústia de a família descobrir o que tem. "Nunca tinha ouvido falar da doença. Fiquei revoltada. Nunca tive outro homem, só o meu marido. Ele deixou-me e agora percebo porquê", diz ao CM. Vítor Duque esclarece: "É importante saber que cada vez que se tem uma relação com alguém sem proteção, está a partilhar seis ou sete anos de vida dessa pessoa."

Ainda não há cura, mas é possível travar a replicação do vírus graças aos tratamentos atuais. "A terapêutica antirretrovírica de alta eficácia dá uma sobrevida maior. Tenho doentes que foram infetados nos anos 90 do século passado e que ainda têm uma vida normal. São pessoas ativas. Fazem tudo o que faz quem não é doente", conta o médico.

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