Cirurgias anuladas devido a greve dos enfermeiros feitas até final de março
Primeiro-ministro disse que “ninguém pode morrer pelo direito à greve".
O primeiro-ministro, António Costa, disse, no Parlamento, que será possível fazer as cirurgias anuladas "até ao final do primeiro trimestre de 2019". O chefe de Governo considerou ainda que não é aceitável que a greve dos enfermeiros já tenha adiado cirurgias (os sindicatos disseram que até esta terça-feira foram seis mil) e afirmou que "ninguém pode morrer pelo exercício do direito à greve".
Para conseguir operar tantos doentes, o Governo deverá ter de recorrer aos privados. A ministra da Saúde, Marta Temido, apelou às Ordens dos Enfermeiros e Médicos para conterem algum "excesso verbal". A titular da pasta disse que os doentes seriam operados preferencialmente noutros hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas que se fosse preciso recorreria aos privados.
O CM sabe que deverá haver uma reunião esta semana entre alguns privados e o Ministério da Saúde e que esse assunto deverá ser abordado. Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, disse que estavam disponíveis para fazer um esforço para ajudar a realizar as cirurgias adiadas.
Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, disse que é inaceitável que o Ministério da Saúde não se sente para negociar, uma vez que o Governo negociou com os estivadores. A bastonária também pediu que não contassem com ela para fazer parar o protesto dos enfermeiros.
Doente oncológico sem acesso a exames
O doente oncológico que viu a sua cirurgia ser adiada no Hospital de Santa Maria, devido à greve dos enfermeiros, vai ficar mais de 10 dias à espera dos exames para ser consultado no privado. Virgílio Canaverde, que sofre de cancro na próstata e rins, pediu os exames clínicos. "Do Santa Maria disseram-me que demoram semana e meia a entregá-los, e isto depois de preencher um requerimento a solicitá-los", disse ao CM a filha, Sónia Canaverde.
"Metam a mão na consciência"
O presidente do PSD, Rui Rio, reconhece que os enfermeiros têm "transversalmente razão" nas exigências que fazem, mas vinca que há limites e pede a estes profissionais de saúde que "metam a mão na consciência porque estão a fazer sofrer pessoas que estão doentes".
SAIBA MAIS
400
mil euros é o valor que o movimento de enfermeiros, que recolheu fundos para a greve cirúrgica em cinco blocos operatórios (22 de novembro e 31 de dezembro), quer alcançar numa nova angariação de dinheiro para prolongar o protesto.
Lei de Bases da Saúde
António Costa, primeiro-ministro, garantiu que a proposta de Lei de Bases da Saúde será apreciada em Conselho de Ministros esta quinta-feira, pelo que deverá dar entrada no Parlamento entre esta semana e a próxima.
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