Estrangeiros a viver em Portugal quadruplicam em sete anos: 28,9% estão em situação de pobreza ou exclusão social

Estrangeiros residentes passam de 421 mil em 2017 para mais de 1,5 milhões no final de 2024.

18 de dezembro de 2025 às 01:30
88,2% dos estrangeiros em Portugal entre os 25 e os 64 anos estavam no mercado de trabalho em 2024 Foto: Tiago Petinga/Lusa
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O número de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal “quadruplicou em sete anos” e atingiu 1 543 697 no final do ano passado, revelou a Pordata, no âmbito do Dia Mundial dos Migrantes, com base no último relatório da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

Os dados indicam que 71% ( 1 096 170) destes cidadãos tinham título de residência, 25% (378 643) aguardavam obtenção ou renovação do título de residência e os restantes 4% (68 884) encontravam-se noutras situações.

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O Brasil é de longe o país mais representado entre os estrangeiros residentes em Portugal, com quase 485 mil pessoas, cinco vezes mais do que o segundo país com mais elementos, que é já a Índia, com 98 616, tendo ultrapassado Angola (92 348).

Perto de um terço (28,9%) dos estrangeiros residentes “estão em situação de pobreza ou exclusão social, 9,7 pontos percentuais acima da população portuguesa”, que tem 19,2% de pessoas nesta situação. Na União Europeia a 27, os estrangeiros em situação de pobreza ou exclusão social representam 37,8% do total, mais 19,3 pontos percentuais do que os nacionais.

Estrangeiros a viver em Portugal quadruplicam em sete anos: 28,9% estão em situação de pobreza ou exclusão social

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O documento divulgado pela Pordata revela que “88,2% dos estrangeiros com idades entre os 25 e os 64 anos residentes em Portugal encontram-se no mercado de trabalho (76,5% empregados e 11,5% à procura de emprego)”. Entre a população de nacionalidade portuguesa da mesma faixa etária, “a percentagem de pessoas no mercado laboral é de 86,9% (81,9% empregados e 5,0% à procura de emprego)”.

Mas as desigualdades de género no mercado de trabalho são mais acentuadas entre os estrangeiros, sendo a taxa de emprego de 86,4% nos homens e 68,5% nas mulheres, face a 84,7% nos homens e 79,3% nas mulheres de nacionalidade portuguesa. A taxa de desemprego, na população estrangeira entre os homens é de 8,3% e nas mulheres de 14,6%, e na população portuguesa é de 4,8% para os homens e 5,3% para as mulheres.

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Menos de 5% obtém nacionalidade

Comparando o número de estrangeiros entre os 20 e os 64 anos com entrada registada em Portugal e os que obtêm nacionalidade portuguesa seis anos depois, a percentagem é sempre inferior a 5%, exceto no período entre 2019 e 2021 (5,17% e 7,52%). Em 2024, foi atribuída nacionalidade a 20 624 cidadãos residentes em Portugal, um aumento de 21% em relação a 2023.

Saldo positivo de 143 641

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Em 2024, segundo a Pordata, imigraram para Portugal 177 557 pessoas, nacionais ou estrangeiras, tendo saído

33 916 pessoas (de nacionalidade portuguesa ou estrangeira), resultando num saldo positivo de 143 641 - em 2023 tinha sido 155 701.

Maior número são jovens

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Entre os emigrantes, os jovens dos 20 aos 34 anos têm sido o grupo mais representado, quase sempre mais de 50% e atingindo um máximo de 57% em 2024. Também entre os imigrantes é esse o maior grupo etário, com 35% do total, seguido do grupo dos 35 aos 54 anos (31%).

Flutuações da economia ditam migrações

Os movimentos migratórios refletem as flutuações da economia. Entre 2011 e 2015, durante a crise financeira, o saldo migratório foi negativo, tendo havido maior número de saídas do que entradas, mas a partir de 2016 o saldo tornou-se positivo.

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Menos cinco mil saíram

O Observatório da Emigração (OE) revela dados diferentes dos da Pordata, estimando que em 2024 emigraram cerca de 65 mil portugueses, menos cinco mil face a 2023, sobretudo devido à redução de 37% nas saídas para o Reino Unido.

Maioria com baixas qualificações

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A maioria dos portugueses que emigra tem baixas qualificações, segundo o OE, sendo os principais destinos Suíça, Espanha, França e Alemanha. Seguem-se Bélgica e Países Baixos, para onde vão portugueses mais qualificados.

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