'Alqueva do Ribatejo’ permite regar 300 mil hectares

Seis açudes rebatíveis no rio Tejo, entre Azambuja e Alvega.

24 de novembro de 2019 às 12:02
‘Alqueva do Ribatejo’ permite regar 300 mil hectares Foto: Pedro Catarino
Rio Zêzere em Castelo de Bode Foto: Pedro Catarino
Cavalos nos campos da lezíria ribatejana Foto: iStockPhoto

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Chamam-lhe o ‘Alqueva do Ribatejo’, está orçamentado em 4500 milhões de euros e tem a ambição de regar 300 mil hectares na lezíria ribatejana, zona Oeste e península de Setúbal através da construção de seis açudes no rio Tejo.

O Projeto Tejo, desenvolvido por um grupo de especialistas, apresenta-se como solução para a seca, problema com consequências nefastas para o turismo de natureza, para as atividades piscatórias, para a navegabilidade do rio, para a qualidade das águas (poluição e avanço da intrusão salina), mas sobretudo, para a agricultura.

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O plano prevê a construção de seis açudes entre os quatro e os dez metros, rebatíveis no inverno, com eclusas para barcos e escadas para peixes entre Azambuja e Alvega, além do aproveitamento dos açudes já existentes de Belver e Fratel. O abastecimento seria assegurado pela nova barragem do Alvito (rio Ocreza) ou pelas já existentes.

O investimento de 4500 mil milhões de euros seria diluído durante 40 anos. Cada hectare de rega custaria 15 mil euros, ou seja, menos que o Alqueva, onde cada hectare custa 19 mil euros.

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O Projeto Tejo tinha o apoio do anterior ministro da Agricultura, Capoulas Santos. A nova ministra, Maria do Céu Albuquerque (que foi autarca em Abrantes, uma das zonas abrangidas), já manifestou estar a favor da intenção. O Governo pretende lançar um concurso para a realização de um estudo técnico, ambiental e de viabilidade económica.

Ribatejo em risco de desertificação

"O Ribatejo está a desertificar-se porque a agricultura já não compensa. Dos 100 mil hectares cultivados, apenas 25% da rega é feita com recurso a águas superficiais; os restantes 75% são águas subterrâneas. Mas a água está cada vez mais funda", alerta o engenheiro agrónomo Jorge Froes, responsável pela apresentação do projeto.

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O grande lago do Alentejo

A albufeira do Alqueva, localizada no ‘coração’ do Alentejo, no rio Guadiana, começou a encher a 8 de fevereiro de 2002. Desde então, tornou-se o maior reservatório artificial de água da Europa ocidental, também chamado de Grande Lago, e revolucionou a agricultura na região. A obra, que custou 2850 milhões de euros, permitiu regar 170 000 hectares de área agrícola (além das valências na produção hidroelétrica e no abastecimento público a 200 mil habitantes), dinamizou o turismo e levou mais investimento para a região.

PORMENORES

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300 000

hectares é a área que é possível regar. Segundo os especialistas, recorrer-se-ia a um sistema de rega em pressão e distribuição a pedido.

Populações

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Defensores do projeto dizem que se evitava a deslocação das populações, como aconteceu na barragem do Alqueva, com a aldeia da Luz.

Contestação

O porta-voz do movimento pelo Tejo (proTEJO), Paulo Constantino, defende a "preservação de um Tejo livre", considerando que a construção dos seis açudes "poderá ter um impacto negativo na dinâmica fluvial".

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