Apenas 1,4% dos alunos teve 5 na prova final de Português do 9.º ano

Das 94 564 provas finais de Português do 9.º ano realizadas o ano letivo passado, só 1,4% dos alunos (1323) conseguiram obter a nota mais alta, o 5. Houve 24,2% que tiveram 4 e 44,5% não foram além do 3. Já quanto às notas negativas, 29,3% ficaram-se pelo 2 e 0,6% pelo 1. A média foi de 58% (desceu um ponto percentual face a 2024), segundo o relatório do Instituto de Educação, Qualidade e Avaliação (EduQA), que, ainda assim, considera que “os alunos revelaram alguma facilidade na produção do texto requerido”.

Maria do Carmo Oliveira, da Associação de Professores de Português, admite que “estamos numa crise muito grande de aprendizagens”. “Os miúdos passam 10 horas por dia no tik-tok a ouvir pessoas que falam português do Brasil com mau domínio da língua, são esses os modelos”, refere a docente, que confessa maior “choque” com os 29,3% que tiveram 2 do que com os 1,4% com 5. “Há vários fatores: há muitos alunos de origem não portuguesa, dos Palop e Brasil, com dificuldades; por outro lado os alunos não levam muito a sério estes exames que só contam 30% e dificilmente têm impacto na nota final; e esta foi a primeira vez que a prova foi em formato digital”, afirmou.

O relatório considera mesmo que há “uma ligeira subida nos resultados” nos domínios da Oralidade e da Gramática, respetivamente, de 8,4 e de 7,4 pontos percentuais, e uma descida de 3,6 na escrita. A Matemática a média foi de 52% (51% em 2024). As maiores dificuldades continuam a ser “dados e probabilidades” e “geometria”. Nesta última, a média foi 41%. Nos números e Álgebra houve melhoria.

Resolução de problemas difícil

Os alunos do 4.º ano revelaram dificuldades na resolução de problemas com vários passos ou que impliquem raciocínio geométrico e orientação espacial, bem como em descrever a forma de pensar, nas provas ModA de Matemática do 4.º. No 6.º, houve dificuldade em recorrer a conhecimentos matemáticos e em desenvolver estratégias para obter soluções válidas

Dificuldades na produção de texto

Nas Provas de Monitorização das Aprendizagens (ModA), do 4.º e 6.º anos, o relatório do EduQA aponta facilidade na compreensão de textos, enquanto a interpretação e integração de informações textuais em contextos diferentes parece ser mais difícil, no 4.º ano. Já no estabelecimento de relações de causa-efeito e de informações de diferentes textos, ou interpretação de posicionamentos, há mais dificuldades no 6.º ano. Predominam também as dificuldades na produção de textos, em particular no que respeita à coerência e coesão do texto nos dois anos de escolaridade.