Aquecimento sem controlo pode levar a perda de 24% do PIB per capita mundial

Se as temperaturas aumentarem 0,04 graus por ano, com mitigação e adaptação mínimas, o PIB mundial per capita pode descer entre 10% e 11% até 2100.

25 de setembro de 2025 às 01:25
Aquecimento global Foto: D.R.
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Um cenário em que a rutura climática global se continue a agravar sem qualquer controlo pode implicar a perda do equivalente a 24% do produto interno bruto mundial por pessoa, em comparação com um cenário alternativo sem aquecimento adicional.

Esta evolução afetaria todos os países e toda a economia, adianta-se no estudo agora publicado pela Plos que prevê também que os países mais quentes e com menores recursos vão sofrer perdas superiores, entre 30% a 60% acima da média mundial.

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Um cenário alternativo, que vise cumprir os objetivos do Acordo de Paris, poderia gerar um benefício global de 0,25% em comparação com um cenário em que as temperaturas continuem a aumentar segundo a tendência histórica.

Os autores do artigo, do laboratório climaTRACES da Universidade de Cambridge, escrevem que há menos de uma década a maioria dos economistas sustentava que a rutura climática era algo que apenas iria preocupar os países com mais aquecimento, situados no sul.

O estudo contesta esta posição e os seus autores, Kamiar Mohaddes e Mehdi Raissi, indicam que vários estudos demonstraram que a rutura climática "reduz os rendimentos em todos os países, tantos os mais quentes como os mais frios, tanto ricos, como pobres".

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Por outro lado, a subida das temperaturas "vai afetar todas as indústrias, que vão desde o transporte até à produção e ao comércio retalhista, e não apenas a agricultura e outros setores habitualmente associados com a natureza".

Os autores realçam que "nenhum país está imune ao impacto da rutura climática se não se reduzirem as emissões de gases com efeito de estufa (...). É necessário atuar com urgência para fazer frente à rutura climática e proteger as economias de novas perdas de rendimentos", resumiu a Plos.

A rutura climática tem sido relacionada com a diminuição da atividade económica, mas devido às diferenças metodológicas dos modelos climáticos, as estimativas sobre a causa e a dimensão da variação diferem.

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No caso, os autores investigaram o impacto do aumento contínuo das temperaturas acima da média no período entre 2015 e 2100 nas perdas anuais do PIB per capita de 174 países.

Para tal, usaram as projeções do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, que consideram diferentes ritmos de aumento das temperaturas, graus de variação climática e políticas de mitigação e adaptação.

Depois, compararam as projeções com dois cenários de referência: um em que o aumento de temperaturas imita a média de 1960-2014 e um segundo, hipotético, sem mais aquecimento.

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Se as temperaturas aumentarem 0,04 graus por ano, com mitigação e adaptação mínimas, o PIB mundial per capita pode descer entre 10% e 11% até 2100.

No cenário mais extremo, os investigadores preveem perdas de rendimentos per capita entre 20% e 24%, em comparação com um cenário sem aquecimento adicional.

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