Associação de vítimas de abuso sexual na Igreja em protesto no sábado junto ao parlamento

CEP anunciou que validou, até ao momento, 77 dos 84 pedidos de compensação financeira recebidos.

26 de setembro de 2025 às 17:29
abusos na igreja Foto: Cecilie_Arcurs/Getty Images
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A associação Coração Silenciado, que reúne vítimas de abuso sexual na Igreja, marcou um protesto para sábado junto à Assembleia da República contra a "falta de transparência" da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e inação do Estado.

Em declarações à Lusa, António Grosso, membro da Coração Silenciado, indicou que a comissão de compensações financeiras às vítimas de abuso sexual deveria ter iniciado os seus trabalhos no primeiro dia de setembro e, apesar de a CEP ter indicado esta sexta-feira que esta comissão vai começar a funcionar ainda este mês, "não se sabe quando estará completa, porque é composta por sete elementos".

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A CEP anunciou esta sexta-feira que validou até ao momento 77 dos 84 pedidos de compensação financeira recebidos e que a comissão de fixação da compensação vai entrar em vigor ainda durante este mês de setembro e será composta por sete juristas, entre advogados e juízes desembargadores.

Além disso, apontou também António Grosso, não é conhecido o montante disponível para compensar as vítimas, quais os mínimos ou máximos e quantos escalões vão existir, referindo a "falta de transparência" da CEP.

Em comunicado, a CEP avançou esta sexta-feira que "o pagamento das compensações financeiras será feito com recurso a um fundo da Conferência Episcopal Portuguesa, cuja constituição está em curso, e que contará com o contributo solidário das Dioceses e dos Institutos de Vida Consagrada".

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O membro da associação Coração Silenciado criticou ainda a CEP pelo processo de entrevistas às vítimas, que nos últimos meses recordaram os abusos sexuais de que foram alvo, considerando que este foi "um processo de revitimização muito duro".

O protesto vai acontecer frente à Assembleia da República como crítica à "atitude inerte" do Estado português, "pelo facto de não ter feito nada, ou promovido nada de especial relativamente a este tema", acrescentou António Grosso.

Além de considerar que o parlamento e o Governo "nada fizeram", a Associação Coração Silenciado alertou ainda para a necessidade de alteração dos prazos de prescrição em relação a crimes de abuso sexual contra menores, sublinhando que "o sofrimento e o trauma não prescrevem".

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