Associação de vítimas de abuso sexual na Igreja em protesto no sábado junto ao parlamento
CEP anunciou que validou, até ao momento, 77 dos 84 pedidos de compensação financeira recebidos.
A associação Coração Silenciado, que reúne vítimas de abuso sexual na Igreja, marcou um protesto para sábado junto à Assembleia da República contra a "falta de transparência" da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e inação do Estado.
Em declarações à Lusa, António Grosso, membro da Coração Silenciado, indicou que a comissão de compensações financeiras às vítimas de abuso sexual deveria ter iniciado os seus trabalhos no primeiro dia de setembro e, apesar de a CEP ter indicado esta sexta-feira que esta comissão vai começar a funcionar ainda este mês, "não se sabe quando estará completa, porque é composta por sete elementos".
A CEP anunciou esta sexta-feira que validou até ao momento 77 dos 84 pedidos de compensação financeira recebidos e que a comissão de fixação da compensação vai entrar em vigor ainda durante este mês de setembro e será composta por sete juristas, entre advogados e juízes desembargadores.
Além disso, apontou também António Grosso, não é conhecido o montante disponível para compensar as vítimas, quais os mínimos ou máximos e quantos escalões vão existir, referindo a "falta de transparência" da CEP.
Em comunicado, a CEP avançou esta sexta-feira que "o pagamento das compensações financeiras será feito com recurso a um fundo da Conferência Episcopal Portuguesa, cuja constituição está em curso, e que contará com o contributo solidário das Dioceses e dos Institutos de Vida Consagrada".
O membro da associação Coração Silenciado criticou ainda a CEP pelo processo de entrevistas às vítimas, que nos últimos meses recordaram os abusos sexuais de que foram alvo, considerando que este foi "um processo de revitimização muito duro".
O protesto vai acontecer frente à Assembleia da República como crítica à "atitude inerte" do Estado português, "pelo facto de não ter feito nada, ou promovido nada de especial relativamente a este tema", acrescentou António Grosso.
Além de considerar que o parlamento e o Governo "nada fizeram", a Associação Coração Silenciado alertou ainda para a necessidade de alteração dos prazos de prescrição em relação a crimes de abuso sexual contra menores, sublinhando que "o sofrimento e o trauma não prescrevem".
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