BE quer processar pais que não aceitem mudança de sexo dos filhos

Partido propõe que criança possa avançar judicialmente contra os pais que lhe neguem este direito.

19 de setembro de 2017 às 12:43
transexuais Foto: Getty Images
cavaco silva, veto, transexuais, ilga, diploma Foto: Mário Cruz/Lusa

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O parlamento discute esta terça-feira uma proposta do Governo e dois projetos de lei do Bloco de Esquerda (BE) e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) sobre identidade de género.

A proposta de lei, discutida na generalidade a par dos projetos do BE e do PAN, estabelece o regime da identidade de género, nomeadamente no que respeita à previsão do reconhecimento civil das pessoas intersexo (pessoa que nasce com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino).

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Em março, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, disse, em declarações à Lusa, em Coimbra, que a lei prevê a "autodeterminação de identidade de género, que nada tem a ver com operações" para mudança de sexo.

De acordo com a lei, deixa de ser preciso um relatório médico para a mudança no registo civil e é alargada a possibilidade desse pedido a pessoas a partir dos 16 anos (atualmente a idade mínima é de 18 anos).

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Caso os encarregados de educação não permitam a mudança no registo civil nessa idade, o partido quer que o/a menor possa processá-los. Segundo indica o jornal "i", "em caso de recusa dos representantes legais em efetuar o requerimento aludido", o menor podem "intentar ação judicial" e o "tribunal deverá decidir atendendo aos princípios de autonomia progressiva e do superior interesse da criança". 

A proposta do executivo aborda também "questões de existência de protocolos médicos na saúde para pessoas intersexo" e a possibilidade de "crianças 'trans' poderem usar na escola o nome com que se identificam", referiu.

Nos seus pareceres, a pedido da Assembleia da República, a Ordem dos Advogados concorda com o diploma, mas o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) levantou várias dúvidas éticas e legais.

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No parecer, o CNECV avisa para os riscos de uma lei que remete para uma decisão estritamente pessoal a mudança de sexo no registo civil e ainda por isso ser permitido aos menores de 16 anos, "sem acautelar ponderadamente questões associadas ao seu próprio processo de maturação e desenvolvimento neuro-psíquico".

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