Chuva arrasta cinzas e mata peixes em ribeira de Monchique
Ribeira fora escolhida para libertar bogas do sudoeste, em extinção.
Na ribeira de Odelouca, no concelho de Monchique, são visíveis, ao longo de uma grande extensão, centenas de peixes mortos. A mortandade começou na segunda-feira, um dia depois de ter chovido na zona de Alferce, uma das áreas mais atingidas pelo violento incêndio de agosto.
"A chuva que caiu arrastou as cinzas para a ribeira e no dia seguinte a água estava preta e baça e os peixes começaram a morrer todos a partir de então", revelou ontem ao CM António Varela, de 55 anos, que reside na zona do Laranjeiro.
De acordo com o morador, as espécies mais atingidas - e cujas carcaças continuam depositadas nas margens e no próprio leito da ribeira, em zonas pouco profundas, como acontece no Laranjeiro e Charcões - são sobretudo "liças e barbos", mas há outras. "Praticamente os peixes que aqui havia morreram todos durante os últimos dias. Nem sequer voltei a ver aqui cágados. É uma lástima. As liças, talvez dentro de algum tempo, poderão voltar, mas se calhar as outras espécies desapareceram para sempre", lamentou António Varela.
A situação chocou os moradores da zona, apesar de "já estarem à espera de que, com a chuva, os cursos de água pudessem ser atingidos pelas cinzas", referiu.
Recorde-se que a ribeira de Odelouca, na zona de Laranjeiro, foi a escolhida para a libertação, no passado dia 12 de abril, de 256 bogas do Sudoeste.
Estes peixes nasceram no Aquário Vasco da Gama em 2016 e eram descendentes de exemplares capturados na mesma ribeira.
A sua libertação visava o repovoamento da espécie - considerada como criticamente em perigo - no seu meio natural. Na situação atual também estes peixes poderão ter morrido nos últimos dias.
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