Cinco casos de VIH em menores de 15 anos em Portugal, três transmitidos mãe-filho
Foram diagnosticados em 2024, 997 novos casos de infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH).
Cinco casos de infeção por VIH em menores de 15 anos foram notificados em Portugal em 2024, com transmissão de mãe para filho em três casos, revela um relatório esta quinta-feira divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo o relatório "Infeção por VIH - 2025", foram diagnosticados, em 2024, 997 novos casos de infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), dos quais cinco ocorreram em crianças até aos 15 anos, três dos quais com diagnóstico em Portugal, tendo sido referida a transmissão mãe-filho.
Os três casos correspondiam a crianças nascidas em Portugal, dois meninos e uma menina, tendo um dos casos sido diagnosticado no primeiro ano de vida e os restantes tinham entre um e quatro anos. Foi referida transmissão mãe-filho nos três casos.
O relatório cita dados do Grupo de Trabalho sobre Infeção por VIH na Criança (GTVIHC), criado em 1998, e atualmente um grupo de estudo da Sociedade de Infecciologia Pediátrica, que recolhe e analisa informações referentes às crianças nascidas de mães com infeção por VIH, desde o parto até ao término do seguimento.
Segundo os dados, nasceram em Portugal, entre 2015 e 2024, 2.185 crianças filhas de mães com infeção por VIH, tendo esta infeção sido transmitida a apenas 16 crianças (0,73%).
Desde 2017 predominam as mães de nacionalidades estrangeiras, maioritariamente de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Relativamente às crianças nascidas em 2024, apenas 30,4% eram filhas de mães nascidas em Portugal, 66,6% das mães eram multíparas e em 73,7% das mulheres a infeção por VIH foi diagnosticada antes da gravidez.
Nos casos em que o diagnóstico materno ocorreu durante a gravidez, 72,3% eram mulheres de origem africana e 52,5% viviam em Portugal há um ano ou menos.
Foi verificado um caso de transmissão vertical do VIH, numa gravidez mal vigiada, em que o diagnóstico da infeção materna aconteceu no 3.º trimestre da gravidez e que, embora sob terapêutica, no parto a mãe tinha ainda virémia (vírus no sangue) elevada.
Analisando os casos de infeção por VIH em crianças, entre 1984-2024, o documento revela que, até 31 de dezembro do ano passado, foram notificados 746 casos em crianças com idade, à data do diagnóstico, inferior a 15 anos, 642 dos quais diagnosticados em Portugal.
O relatório da DGS e do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) indica que 51,6% dessas crianças eram meninas, os diagnósticos ocorreram principalmente no primeiro ano de vida, 47,7% viviam na Grande Lisboa, 73,7% nasceram em Portugal e a via mais frequente de transmissão foi mãe-filho.
Apenas 7,5% do total de casos de transmissão vertical foram diagnosticados na última década e, tal como noutros países - salienta - "as medidas implementadas em Portugal para a prevenção da transmissão vertical do VIH, tiveram muito sucesso".
Em declarações à agência Lusa, a nova diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH/Sida, Bárbara Flor de Lima, defendeu a importância de assegurar "o rastreio atempado das grávidas e uma vigilância adequada da gravidez, por forma a evitar que os recém-nascidos tenham ou adquiram a infeção VIH".
"Nós temos forma de o evitar com a terapia antirretroviral, com a profilaxia que o recém-nascido realiza ao nascimento. Ainda assim, foram reportados três casos de infeção VIH por transmissão vertical em Portugal", salientou.
Bárbara Flor de Lima disse que as autoridades de saúde estão atentas a estes dados e, com o grupo de trabalho específico no âmbito da pediatria, pretendem melhorar e assegurar que "não haja nenhuma criança" nascida em Portugal com o diagnóstico de VIH.
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