Diagnósticos tardios são registados sobretudo em pessoas com 50 ou mais anos, revela um relatório divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Portugal registou menos casos de infeção por VIH em 2024, totalizando 997, mas mais de metade dos diagnósticos ocorreram tardiamente, sobretudo em pessoas com 50 ou mais anos, revela um relatório esta quiinta-feira divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
"Em 2024, verificamos uma redução dos casos notificados, comparativamente ao total de 2023, mantendo-se globalmente a tendência decrescente nos últimos anos relativamente aos novos diagnósticos", disse à agência Lusa a nova diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana/Sida.
Bárbara Flor de Lima alertou, contudo, para o facto de cerca de 54% dos novos diagnósticos ainda serem tardios.
"Na primeira avaliação clínica predominaram os casos assintomáticos (58,5%), mas a apresentação aos cuidados de saúde foi tardia em 53,9% dos casos, particularmente nas pessoas com 50 ou mais anos (65,4%) e nos homens com transmissão heterossexual (67,6%)", salienta o relatório "Infeção por VIH em Portugal 2025".
"Temos alguma preocupação nesta população, que implica termos algumas medidas específicas no sentido de oportunidades de diagnósticos que têm sido perdidas e aumentar a testagem e rastreio nesta população específica", defendeu a infeciologista.
Segundo o relatório elaborado pela DGS e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), dos 997 novos casos notificados no ano passado, 951 ocorreram no país, correspondendo a 8,8 casos por 100.000 habitantes (valor ainda não ajustado ao atraso da notificação).
A maioria dos diagnósticos ocorreu em homens, numa proporção de 2,7 casos por cada caso em mulheres. Foram notificados cinco casos em menores de 15 anos, três deles com transmissão mãe-filho e diagnosticados em Portugal.
Nos restantes casos a mediana das idades foi de 37 anos e 27,6% tinham menos de 30 anos. Entre estes, 68,7% eram homens que têm sexo com homens (HSH), com idade mediana mais baixa (31 anos).
A taxa mais elevada de diagnóstico registou-se no grupo etário dos 25-29 anos, particularmente entre os homens, com 46 casos por 100.000 habitantes.
O maior número de novos diagnósticos (14,6 casos/100.000 habitantes) foi registado na Grande Lisboa, seguindo-se a Península de Setúbal (13,3) e a Madeira (8,5).
Mais de metade dos novos casos (53,6%) ocorreu em pessoas nascidas no estrangeiro, mas, sublinha o documento, "Portugal foi indicado como o país de provável contágio em 52,5% dos casos com essa informação disponível e em 69,9% dos casos em pessoas provenientes da América Latina".
Entre os homens estrangeiros, 59% eram originários da América Latina, enquanto nas mulheres estrangeiras predominavam as provenientes de países africanos (79,2%).
A transmissão por via sexual foi referida em 97% dos casos diagnosticados. Predominou a transmissão heterossexual (52,5%), embora 60,6% dos novos diagnósticos em homens tenham ocorrido em HSH.
Em 2024, foram diagnosticados 194 novos casos de sida (1,8 casos por 100.000 habitantes), valor superior ao dos dois anos anteriores (3,4), sendo que apenas 77 (39,7%) diziam respeito a pessoas nascidas em Portugal.
Bárbara Flor de Lima destacou que os novos casos de sida baixaram 43%, entre 2015 e 2024, e os novos casos de infeção por VIH 35%.
"Apesar dos diagnósticos tardios, nem todos se traduzem efetivamente em diagnósticos de sida", comentou a responsável.
Em 2024, foram notificados 108 óbitos, dos quais 46,3% aconteceram mais de 20 anos após o diagnóstico e 17,6% cinco anos depois, refere o relatório apresentado a quatro dias do Dia Mundial Contra a Sida.
Entre 1983 e 2024, Portugal contabilizou 66.421 casos de infeção por VIH e 16.050 óbitos, refere o relatório, sublinhando que, desde 2021, as mortes por outras causas, como neoplasias e doenças do aparelho circulatório, tornaram-se predominantes face aos relacionados com o VIH.
Apesar da tendência sustentada de descida, o relatório alerta que Portugal continua entre os países da União Europeia com taxas anuais mais elevadas de diagnóstico de sida, aproximadamente o triplo da média europeia.
A propósito do Dia Mundial da Luta contra a Sida (01 de dezembro), Bárbara Flor de Lima relembrou "a importância do diagnóstico, do rastreio precoce" e de "relações sexuais seguras" para "garantir a saúde sexual e evitar infeções sexualmente transmissíveis, incluindo o VIH".
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