Governo impõe limites ao abastecimento: 15 litros nos postos de emergência e 25 nos outros

Na Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, os postos são destinados às entidades prioritárias.

09 de agosto de 2019 às 12:37
Greve dos motoristas assusta portugueses e leva a longas filas nos postos de abastecimento Foto: Lusa
Greve dos motoristas assusta portugueses e leva a longas filas nos postos de abastecimento Foto: Lusa
Greve dos motoristas assusta portugueses e leva a longas filas nos postos de abastecimento Foto: Lusa

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O Governo impôs esta sexta-feira um novo limite ao abastecimento de combustível: 25 litros de combustível em veículos ligeiros a partir do dia 11 de agosto e os 15 litros, já conhecidos, nos postos de emergência.

Durante a conferência de imprensa, o Executivo prestou esclarecimentos sobre a crise energética, decretada a partir das 23h59 de 09 de agosto e até 23h59 do dia 21 de agosto, e sobre o parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) relativamente à greve dos motoristas.

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A sessão, que contou com a presença do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e do ministro do Trabalho, José António Vieira da Silva, decorre no mesmo dia em que o Tribunal rejeitou a impugnação dos serviços mínimos fixados pelo Executivo.

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Vieira da Silva confirma recorrer, em caso de necessidade, à requisição civil

Vieira da Silva referiu que o parecer da PGR "recorda aquilo que já várias vezes o Governo tem dito, que o direito à greve é um direito fundamental". 

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"Tendo este ponto como ponto de partida, considera o Conselho Consultivo que o direito à greve não é um direito absoluto e não pode pôr em causa outros direitos constitucionais. Uma greve que viole o direito da boa fé pode ser considera ilícita", explicou o ministro, acrescentando  que se está a "chegar ao limite daquilo que é admissível". 

Relativamente aos serviços mínimos decretados, Vieira da Silva ressalvou que "o Conselho Consultivo considerou que os serviços mínimos podem e devem ser mais extensos para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos". "Em casos extremos podem corresponder à manutenção da normalidade de funcionamento", explicou.

Caso os serviços mínimos não sejam cumpridos, o Governo pretende "decretar uma requisição civil", assumiu Vieira da Silva. O ministro do Trabalho afirmou assim que o Governo tentará que não seja necessária uma requisição civil, mas, se for necessário, em caso de incumprimento dos serviços mínimos, não hesitará em utilizar todos os instrumentos disponíveis.

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Vieira da Silva acrescentou que, "se antes disso existirem factos que apontem para a necessidade de a utilizar [uma requisição civil preventiva], o Governo, numa situação extrema, não abdica de nenhum dos instrumentos".

"Este é um conflito entre privados que compete ao Governo criar condições para a sua superação, não sendo o Governo parte deste conflito mas tendo a responsabilidade de defender os interesses da sociedade portuguesa e da nossa Economia", disse o ministro. Por essa razão é que os serviços mínimos foram definidos da forma como estão apresentados, justificou Vieira da Silva.

Vieira da Silva disse ainda que Governo está "permanentemente disponível" para mediar o conflito entre motoristas e patrões, considerando que "é preciso que as partes ouçam o povo português".

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"O país espera que todos façam o possível para evitar uma situação de conflito que tenha riscos de efeitos colaterais que todos nós queremos evitar", afirmou. Contudo, acrescentou, o Governo "não se pode substitui às partes", mas considera que "há sempre alternativas de negociação para encontrar soluções de compromisso".

Sobre a possível mobilização de 100% dos trabalhadores de determinado serviço tendo em conta os serviços mínimos, Viera da Silva explicou que o "enquadramento dos serviços mínimos foi feito de forma equilibrada". "A fixação dos diferentes valores de mobilização de trabalhadores para os serviços mínimos foi estipulado com o objetivo de salvaguardar" os cidadãos portugueses. "O objetivo não foi limitar o direito à greve", acrescentou.

"Estamos convictos de que (...) os parceiros possam compreender que existe uma alternativa a este conflito que é uma negociação", finalizou Viera da Silva.

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Ministro do Ambiente destaca postos de abastecimento de emergência

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, voltou a fazer referência à REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimento - disponível nesta greve, com "54 postos de abastecimento destinados às entidades prioritárias". "Na restante rede REPA, 320 postos, podem abastecer os prioritários e os equiparados a prioritários", continuou.

A partir de dia 11 de agosto passa a haver um limite máximo de abastecimento de combustível: "15 litros na rede prioritária e 25 litros nos outros postos", clarificou Matos Fernandes. Os 25 litros aplicam-se aos automóveis ligeiros, sendo que nos pesados o limite máximo de abastecimento é fixado nos 100 litros. 

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"Com este parecer consideramos que as medidas tomadas pelo Governo são as adequadas tendo em conta as características que esta greve tem", acrescentou ainda Viera da Silva antes de terminar a conferência de imprensa desta sexta-feira. 

A greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas está agendada para a próxima segunda-feira, dia 12 de agosto. A três dias da greve, os portugueses já fazem filas para abastecer nos diversos postos de combustível do País.

Recorde-se que o conselho consultivo da PGR remeteu, nesta quinta-feira, 08 de agosto, o parecer sobre a legalidade da greve dos motoristas de matérias perigosas ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

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A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que acusam a ANTRAM de não querer cumprir o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial. 

Na quarta-feira, o Governo definiu serviços mínimos para esta greve, que vão entre os 50% para a generalidade dos postos de abastecimento de combustível e os 100% para a rede de abastecimento de emergência e serviços de saúde, segurança e proteção civil.

No entanto, os sindicatos consideram estes serviços mínimos exagerados e, por isso, avançaram já com uma providência cautelar para impugnar essa decisão do Governo.

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MAPA INTERATIVO | Saiba onde estão os postos de emergência para abastecer na greve dos motoristas

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