Dez mil cruzes percorrem o País

Esta Páscoa significou o regresso da tradição para muitas famílias, onde o Compasso já não visitava as casas há vários anos. Fonte da Conferência Episcopal disse ao CM que uma dezena de comunidades da zona Sul, onde já não andava a Cruz há mais de duas décadas, "ressuscitaram" neste ano o ancestral costume de beijar a Cruz.

Em todo o País, cerca de dez mil cruzes percorreram mais de um milhão de casas, com destaque para o Norte e o Centro, onde a tradição tem raízes mais fortes.

De resto, os bispos e os padres trabalharam este ano no sentido de levar os fiéis a realizarem o Compasso com mais "seriedade e sentido cristão". "A Páscoa é uma festa, mas é a festa da ressurreição de Cristo e não a festa dos foguetes, dos doces e de campainhas a tocar", disse ao CM o padre António Gonçalves, pároco de Molares, em Celorico de Basto, que este ano percorreu pelo 25º ano consecutivo os caminhos da paróquia, visitando todas as casas.

Sublinhando a importância da Visita Pascal, em que o Compasso (o pároco, o mordomo com a Cruz, os jovens das campainhas e da caldeirinha da água benta, assim como os homens que recolhem o folar e pedem para S. Pedro, S. Paulo e Lugares Santos) percorre as casas da paróquia, dando a Cruz a beijar, o sacerdote disse que este é também um dia de paz e amizade. "Com esta Visita Pascal, em que as pessoas abrem as suas casas com alegria, cumprimentamo-nos e até, em alguns casos, fazemos as pazes por algum mal-entendido havido durante o ano", explicou.

Na paróquia de Molares, Celorico de Basto, a população assegura que não há casa que fique fechada neste dia. "Abrimos a porta, porque somos católicos e porque temos o maior gosto em receber a Cruz de Cristo em nossas casas", disse Maria da Graça.