Emissões de gases devem cair 85% até 2035

Estudo revela que os países mais ricos , como os Estados Unidos, Austrália e Canadá, têm pegadas até 17 vezes maiores à meta de 1,5ºC (graus celsius).

07 de outubro de 2025 às 07:32
Poluição Foto: Pixabay
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As emissões globais de gases com efeito de estufa decorrentes dos estilos de vida devem cair 85% até 2035 para serem compatíveis com um aumento da temperatura até 1,5ºC, indica um relatório divulgado esta terça-feira.

O relatório analisa 25 países, incluindo Portugal, e conclui que a média das pegadas de carbono relacionadas com o estilo de vida é sete vezes superior à meta de 1,5ºC (graus celsius).

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Os autores avisam que países mais ricos, como os Estados Unidos, Austrália e Canadá, têm pegadas até 17 vezes maiores, o que implica uma redução de emissões até 94%. Os países mais pobres estão mais próximos da meta dos 1,5ºC do Acordo de Paris.

Há 10 anos em Paris, numa reunião da ONU sobre o clima, praticamente todos os países do mundo concordaram em tomar medidas para enfrentar o aquecimento global, diminuindo as emissões para que o aumento da temperatura global não ultrapassasse os 2ºC em relação à época pré-industrial, e de preferência não chegasse a 1,5ºC.

Segundo o estudo, dos 25 países analisados, Portugal aparece em sétimo lugar, com uma pegada de estilo de vida de oito toneladas de dióxido de carbono por pessoa e por ano, um valor oito vezes acima da meta dos 1,5ºC.

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Os principais fatores a contribuir para tão alta pegada estão o uso do carro e as viagens aéreas, e o consumo de carne, de vaca e porco, e de laticínios.

Os Estados Unidos estão em primeiro, com uma emissão por pessoa/ano que ultrapassa as 18 toneladas e que representa 17 vezes acima da meta dos 1,5ºC.

A Austrália, o Canadá, a Coreia do Sul, a Itália e a Alemanha estão também na lista dos maiores emissores. Abaixo de Portugal estão países como o Reino Unido, a França ou o Brasil, este com quatro toneladas de emissões por pessoa, quatro vezes acima do que deveria ser.

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Feito pelo "Hot or Cool Institute", da Alemanha, que explora a interceção entre sociedade e sustentabilidade, o documento destaca a necessidade de padrões de vida suficientes e de impostos progressivos globais sobre a riqueza, e limites de acumulação, para enfrentar as desigualdades climáticas impulsionadas pelo consumo excessivo.

Com o título "Um Clima para a Suficiência: Estilos de Vida de 1,5 Graus", o relatório destaca também a magnitude das mudanças sistémicas e comportamentais necessárias na próxima década.

E recomenda uma "abordagem de suficiência" -- focada em atender às necessidades humanas sem excessos.

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"O orçamento de carbono restante é agora tão pequeno que governos em todo o mundo enfrentarão uma escolha difícil: atender às necessidades sociais ou enfrentar os impactos das mudanças climáticas, a menos que medidas drásticas sejam tomadas com urgência", disse, citado num comunicado sobre o relatório, Lewis Akenji, diretor executivo do "Hot or Cool Institute" e autor principal do documento.

Recordando a próxima cimeira da ONU sobre o clima, no próximo mês no Brasil (COP30), o responsável frisou que as negociações devem refletir "a urgência de evitar a ultrapassagem da marca de 1,5°C e as implicações significativas que esse limite teria para a vida quotidiana das pessoas".

E avisou que os governos se devem urgentemente comprometer a retornar ao limite de 1,5°C, com planos "concretos, verificáveis, vinculativos e com reduções obrigatórias também para empresas".

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E porque, disse, "o planeta está prestes a ultrapassar um limite crítico de aquecimento, são necessárias medidas mais radicais do que as implementadas até agora para garantir um futuro justo, seguro e próspero para todos dentro do limite de 1,5°C".

Os autores do documento recomendam combinar mudanças nos estilos de vida, rápido desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono e reformas sistémicas. Sugerem nomeadamente implementar impostos progressivos globais e limites de riqueza para enfrentar o consumo excessivo e a desigualdade, além de promover estilos de vida baseados na suficiência.

Recorda-se no documento que os 10% mais ricos da população mundial respondem por cerca de 50% dos gases de efeito estufa através de seus investimentos e consumo.

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