Especialistas de Medicina Dentária publicam normas para período de pandemia
Trabalho pretende difusão de "orientações baseadas no conhecimento científico disponível".
Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa e do Porto publicaram hoje um trabalho sobre normas de orientação clínica para medicina dentária no contexto da covid-19.
Segundo os autores, a elaboração deste trabalho pretende a difusão de "orientações baseadas no conhecimento científico disponível" e "a disseminação de boas práticas nos locais onde se exerça a atividade de medicina dentária".
Antevendo já o reinício em pleno da atividade desta especialidade médica, os coordenadores deste trabalho, Fernando Guerra e António Mata, explicam que a apresentação e difusão de normas de orientação clínica para a segurança nos procedimentos clínicos é "uma contribuição científica para dilatação do conhecimento sobre o exercício profissional no contexto da covid-19".
Entre algumas das indicações propostas pelo documento está a de que o paciente positivo para o SARS-CoV-2 pode comparecer na consulta "após autorização da autoridade de saúde local" e "apenas em casos urgentes e inadiáveis".
Os especialistas aconselham que sejam cumpridos os horários de consulta por forma a "evitar a aglomeração de doentes na sala de espera" e que o pagamento da consulta seja realizado "com recurso a multibanco ou meios electrónicos".
Entre as normas do grupo de trabalho constituído por investigadores do Centro de Investigação e Inovação em Ciências Dentárias (CIROS), da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), da Unidade de Investigação em Ciências Orais e Biomédicas (UICOB), da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa e do Centro de Investigação Bone Lab da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, e que também teve a participação da Universidade Complutense de Madrid e de outros profissionais, destaca-se ainda a indicação de que o paciente que testou positivo para o SARS-CoV-2 pode comparecer na consulta de Medicina Dentária desde que tenha cumprido o período de quarentena e após um teste laboratorial negativo.
Já em pacientes positivos para o SARS-CoV-2 em isolamento domiciliário, mesmo que sem febre, os especialistas vaticinam que devem ser adiados todos os tratamentos dentários não urgentes por duas semanas e depois reavaliada a sua necessidade.
Quanto a procedimentos práticos, este grupo de trabalho recomenda que seja disponibilizada solução antissética à base de álcool, assim como máscaras cirúrgicas e cobre sapatos para os indivíduos que vão permanecer no interior da clínica.
Quanto à sala de espera, sugerem que não exceda 1/3 da sua lotação máxima de forma "a garantir o distanciamento social" e que na chegada à clínica seja feita a avaliação da temperatura e aplicação do questionário de covid-19 ao paciente e acompanhante, sendo que sempre que haja um estado febril e presença de sintomas suspeitos nas 24 horas anteriores, "o paciente deve regressar a casa, caso a consulta não seja de caráter urgente".
Entre outros conselhos deste grupo de trabalho estão a instrução que deve ser dada aos pacientes para que façam a higienização das mãos e colocação de máscara cirúrgica, que os seus pertences sejam guardados num saco limpo e que se mantenha o distanciamento social na receção.
Finalmente, os especialistas em medicina dentária preconizam que se o paciente desenvolver sintomas de covid-19 15 dias após a consulta, "deve entrar em contacto com a clínica", o mesmo se aplicando caso seja algum profissional a desenvolver sintomas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Portugal contabiliza 928 mortos associados à covid-19 em 24.027 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Das pessoas infetadas, 995 estão hospitalizadas, das quais 176 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou 1.329 para 1.357.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo já anunciou a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 01 a 03 de maio.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt