Estado pagou mais de 400 mil euros a médico por trabalho extra em 10 sábados
Carlos Martins, presidente do hospital Santa Maria, decidiu suspender as cirurgias extra e ordenou uma auditoria.
Um dermatologista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, recebeu mais de mais de 400 mil euros por trabalho extra em dez sábado do ano passado, de acordo com a TVI.
Segundo a estação de televisão, Miguel Alpalhão ganhou mais de 51 mil euros, num dia de produção adicional, a um sábado.
O Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), sistema que permite fazer cirurgias fora do horário laboral, de forma a reduzir as longas filas de espera nos hospitais e que é também um incentivo financeiro para os profissionais de saúde, pelo que recebem financeiramente por isso, estabelece que os profissionais de saúde não devem ultrapassar um limite de um terço da produção cirúrgica total.
A reportagem emitida na TVI dá conta que grande parte dos procedimentos são simples, como retirar quistos e sinais benignos. Isto é, uma cirurgia que em média demora cerca de 10 minutos é paga a 'preço de ouro'.
Miguel Alpalhão é o único codificador do serviço de dermatologia e, por isso, era o próprio que introduzia os dados no sistema para gerar os pagamentos de todos os que participam nas cirurgias adicionais. A mesma fonte refere que o médico usou o sistema, ou seja, o dinheiro público, para retirar lesões benignas aos pais, no final de 2023.
Em entrevista à TVI, o presidente do Hospital de Santa Maria, Carlos Martins, garante que "se existisse alguma situação anormal, ela seria reportada ou seria detetada" nos sistemas de controlo do hospital. Contundo, refere que "a confirmarem-se os valores auferidos pelo dermatologista nos respetivos sábados de trabalho adicional, eles "não eram admissíveis de todo. O médico em causa não ganhou 400 mil euros em 10 dias. Isso era impossível".
Carlos Martins determinou a suspensão, a partir deste sábado, das cirurgias em programa adicional, pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para investigar e determinou a abertura de uma auditoria interna. O Ministério Público já pediu informações ao hospital sobre este caso.
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