"Estamos prisioneiros e com medo": portugueses retidos em hotel espanhol devido a surto de Salmonela
Desde sábado, já 146 pessoas apresentaram sintomas como febre e vómitos. Há ainda 20 utentes internados.
Vários portugueses estão retidos no hotel Cavanna, em La Manga, na região espanhola de Murcia, onde houve um surto de Salmonela que afetou já 146 pessoas, desde o passado sábado.
Eliana Vieira deu entrada no hotel no domingo e revelou ao CM as condições em que os hóspedes vivem durante estes dias, acusando a gestão do estabelecimento hoteleiro de falta de organização durante a crise de saúde pública.
“Estamos prisioneiros, estamos com medo”, disse Eliana, acrescentando que esta é "uma semana de férias estragada".
O surto começou após o almoço de sábado, segundo o jornal espanhol La Verdad, onde foi servido um peixe e uma massa de espinafres que estariam contaminados com a bactéria Salmonela. Horas depois, alguns hóspedes, incluindo vários bebés, começaram a demonstrar sintomas relacionados com a bactéria, nomeadamente febre e vómitos.
Perante a situação, o hotel foi obrigado a fechar a cozinha para desinfeção e o serviço de comida passaria a ser feito por catering externo.
No entanto, Eliana e vários hóspedes estão descontentes com a solução apresentada, pois não coincide com aquilo que lhes foi prometido no momento da reserva. "As soluções são muito limitadas para quem pagou para comer bem, comer a horas e passar uma semana divertida e descansada", afirmou Eliana.
Como os serviços de pequeno-almoço, almoço e jantar foram cancelados, o estabelecimento oferece um "picnic de pequeno-almoço" que inclui um bolo, fruta e água, mediante o pedido na receção. Para os hóspedes que esperavam uma refeição da manhã composta, a solução fica aquém das expectativas.
Eliana acusa ainda o hotel de impedir os hóspedes de cancelar as reservas e recusar-se a reembolsar os clientes que se sentem lesados pela situação. "Lesam os clientes, não devolvem os valores pagos, nem servem as refeições atempadas", disse a hóspede portuguesa.
"Neste momento só queremos ir embora. [...] Estamos a viver o terror, o pânico", referiu Eliana, que está preocupada com a sua saúde.
No hotel, estarão alojados pelo menos 400 portugueses.
O balanço mais recente, citado pelo La Verdad na terça-feira, indica que 20 pacientes, dos quais oito crianças, continuam internados. A afluência às urgências de utentes com sintomas de salmonela, no domingo e segunda-feira, foi significativa. As autoridades montaram ainda um hospital de campanha no recinto do estabelecimento.
Os sintomas da bactéria tendem a aparecer 12 a 36 horas depois da ingestão de comida contaminada, mas o período de incubação pode estender-se às 72 horas.
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