"Estamos prisioneiros e com medo": portugueses retidos em hotel espanhol devido a surto de Salmonela

Desde sábado, já 146 pessoas apresentaram sintomas como febre e vómitos. Há ainda 20 utentes internados.

27 de agosto de 2025 às 15:10
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Vários portugueses estão retidos no hotel Cavanna, em La Manga, na região espanhola de Murcia, onde houve um surto de Salmonela que afetou já 146 pessoas, desde o passado sábado.

Eliana Vieira deu entrada no hotel no domingo e revelou ao CM as condições em que os hóspedes vivem durante estes dias, acusando a gestão do estabelecimento hoteleiro de falta de organização durante a crise de saúde pública.

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“Estamos prisioneiros, estamos com medo”, disse Eliana, acrescentando que esta é "uma semana de férias estragada". 

O surto começou após o almoço de sábado, segundo o jornal espanhol La Verdad, onde foi servido um peixe e uma massa de espinafres que estariam contaminados com a bactéria Salmonela. Horas depois, alguns hóspedes, incluindo vários bebés, começaram a demonstrar sintomas relacionados com a bactéria, nomeadamente febre e vómitos.

Perante a situação, o hotel foi obrigado a fechar a cozinha para desinfeção e o serviço de comida passaria a ser feito por catering externo. 

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No entanto, Eliana e vários hóspedes estão descontentes com a solução apresentada, pois não coincide com aquilo que lhes foi prometido no momento da reserva. "As soluções são muito limitadas para quem pagou para comer bem, comer a horas e passar uma semana divertida e descansada", afirmou Eliana.

Como os serviços de pequeno-almoço, almoço e jantar foram cancelados, o estabelecimento oferece um "picnic de pequeno-almoço" que inclui um bolo, fruta e água, mediante o pedido na receção. Para os hóspedes que esperavam uma refeição da manhã composta, a solução fica aquém das expectativas.

Eliana acusa ainda o hotel de impedir os hóspedes de cancelar as reservas e recusar-se a reembolsar os clientes que se sentem lesados pela situação. "Lesam os clientes, não devolvem os valores pagos, nem servem as refeições atempadas", disse a hóspede portuguesa.

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"Neste momento só queremos ir embora. [...] Estamos a viver o terror, o pânico", referiu Eliana, que está preocupada com a sua saúde. 

No hotel, estarão alojados pelo menos 400 portugueses.

O balanço mais recente, citado pelo La Verdad na terça-feira, indica que 20 pacientes, dos quais oito crianças, continuam internados. A afluência às urgências de utentes com sintomas de salmonela, no domingo e segunda-feira, foi significativa. As autoridades montaram ainda um hospital de campanha no recinto do estabelecimento.

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Os sintomas da bactéria tendem a aparecer 12 a 36 horas depois da ingestão de comida contaminada, mas o período de incubação pode estender-se às 72 horas.

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